domingo, 23 de outubro de 2016

DE VOLTA À VELHA RUA


Mais uma vez eu aqui. Descendo a velha rua onde tanto eu brinquei, onde tanto andei de patinete, brinquei de pega-pega até a lua aparecer no céu de veludo azul escuro. Não mais a mesma forma, não mais empoeirada; agora ostentando um negro asfalto sobre suas pedras e sua poeira vermelha. Não mais empoeiras os alvos lençóis, não mais empoeiras a bela e a melhor roupa pra eu vestir. Não compactuas mais com o vento segredos da cidadezinha, agora todos trafegam por ti apressados; carros de todas as formas e tamanhos em ti circulam, derrubaram o velho Coreto, enterraram o poço do seu Cícero Clemente (Pajeú) A casa de Tuica não tem mais o muro de pedra ferro. Agora tem apenas um depósito de materiais de construção.
Continuo descendo. Vislumbrando tua mudança, oh velha rua. Andei longe... Esse adulto estranho aqui sentiu saudades. Conheci outras ruas nesse país imenso, mas nunca esquecendo a vermelha poeira que jogava em meus pés, nunca esquecendo as ateiras, que fornecias em tua calçada. A gora o velho aqui, é apenas uma sombra nesse asfalto escuro. Nunca mais brinquei a luz do luar, oh rua... Afinal, crescemos; mas tu, oh, rua, continuas imponente apesar de toda a modernidade que a ti impuseram.
Já estou chegando, rua... Na velha casinha do João Chiquinha (Meu Pai) onde vivi, para recordar pessoas que há anos eu não via. Tem alguém me esperando lá, rua... Já posso ver. De vestido azul rendado e cabelos brancos. Tomara que tenha aquele bom e velho suco de laranja com bolo de carimã – (Puba); e o mais importante: aquele abraço apertado, com as mãos que me embalaram nas noites de minha infância. Minha Mãe.

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