terça-feira, 23 de agosto de 2016

IPU!
Ipu nasceu às margens do riacho Ipuçaba, cuja nascente fica no sítio São Paulo, neste Município. No seu percurso forma no rochedo da Ibiapaba a linfa cor de Prata chamada Bica do Ipu, se desprendendo de uma altitude de 120 metros formando na sua queda a imagem de um verdadeiro “Véu de Noiva” como diz a canção de Zezé do Vale. Nas imediações do Riacho se formaram plantios de cana-de-açúcar, bananeiras e outros.
O pequeno córrego inspirou muitos de nossos poetas. IPU está localizada em partes de 20 léguas de terra doadas à D. Joana de Paula Vieira Mimosa pelas Cortes Portuguesas de Lisboa em 1694.
D. Joana era missionária Portuguesa que aqui chegou para dar inicio a nossa civilização era esposa de João Alves Fontes muito enérgica e habilidosa colonizou suas propriedades contribuindo para a catequese dos Índios. Os Índios eram os Tabajaras, o nosso primitivo que aqui viveu dando origem à lenda de IRACEMA de José de Alencar.
Ipu, berço de Iracema, terra de Martim e Araquém, tem sua civilização pautada nos costumes indígenas. Os Tabajaras sobreviviam fazendo roçados e neles plantavam o cará, o inhame, o abacaxi, milho, mandioca e outras culturas que se adaptassem a fertilidade do solo.
Construíram também casinhas ou casinholas a margem do Ipuçaba que com o passar do tempo foram substituídas por outras.
Em 1740 já havia o ARRAIAL, com pequenas casas de taipa sendo o seu piso de chão de barro batido, construídas com o auxilio de alguns Portugueses e Pernambucanos que aqui aportaram. Chegaram vindos da Vila Real de Viçosa alguns clérigos que continuaram o trabalho de catequese iniciado por D. Joana de Paula Vieira Mimosa. Em seguida vieram outros Padres Jesuítas e construíram uma Capela pequena edificada em 1765 em torno do atual Quadro da Igrejinha onde foi iniciado o Povoado que passou a ser conhecido e chamado de PAPO, seguido por uma Rua estreita que passamos a chamar de Goela, ainda hoje a pequena Rua apesar de ter possuído vários nomes como Rua Senador Catunda, homenagem a um Senador de República que aqui residiu.
A Rua mudou de nome outra vez para Rua Cel. Pedro Aragão que permanece até os nossos dias, contudo a pequena ruazinha onde nasceu Milton Dias, famoso cronista conhecido nacionalmente pelas suas crônicas, continua chamada por todos nós de Rua da Goela.
No Hino do Sesquicentenário de Ipu, letra do Professor Antônio Ramos e música do Professor Francisco Melo, num trecho do Hino, por sinal muito suave e poético dizem “O Ipu Ave Meiga em Voo Sereno”, ficou bonito e gostoso de cantar, pois retrata a forma de um pássaro que Ipu teve na formação de sua toponímia.
Por Alvará ou Carta Régia, de 12 de maio de 1791, foi criado o município com sua primeira sede com o nome de Povoação de Campo Grande, depois elevado a categoria de Vila que se chamou de Vila Nova d’El-Rei hoje cidade de Guaraciaba do Norte. Ipu quando foi elevada a Vila, tomou a mesma denominação de sua sede Vila Nova d’El-Rei, mas mesmo assim, o povo continuou chamando de “Vila dos Enredos”, em face das constantes intrigas existentes naquele tempo. Tudo isso aconteceu em torno da Igrejinha, onde ficou consolidada a VILA.
Com a criação da Lei Provincial de nº 200 de 26 de agosto de 1840, ficou suprimida a Vila de Campo Grande transferindo a sede do município para Núcleo de Ipu Grande, com o nome de VILA NOVA DE IPU GRANDE.
Lei nº 200, de 26 de agosto de 1840 sancionada pelo Presidente Francisco de Sousa Aguiar.
Art. 1º – Fica transferida de Vila Nova d’El-Rei para povoação de Ipu Grande no mesmo município, com a denominação de Vila Nova do Ipu Grande.
Art. 2º – A Matriz de São Gonçalo da Serra dos Cocos será igualmente transferida para Capela de São Sebastião do Ipu Grande, quando esta estiver em estado de nela celebrarem decentemente os ofícios divinos.
Art. 3º- Ficam revogadas quaisquer leis e disposições em contrario.
A Vila denominada por Lei, Vila Nova do Ipu Grande conservava a ingenuidade de uma época que em torno da Igrejinha o vilarejo foi tomando consistência. Mais tarde, em face da Lei de nº 432, de 31.08.1848 o Ipu Grande se tornou simplesmente IPU.
A origem do vocábulo Ipu tem varias conceituações mesmo porque a nossa Língua oferece opções outras para que chegássemos até a palavra IPU.
Vejamos:
Qualidade de terra fértil que forma grandes coroas ou ilhas em terras procuradas para a cultura. (José de Alencar)
Vem de IPOHU ou IPOÇU, alagadiço, sumidouro d’água (Dr. Paulino Nogueira).
Se o nome da cidade deriva de um salto, seria ITU, e não IPU (Pompeu Sobrinho).
No Ceará chama-se Ipu, a pequena lagoa de águas pouco profundas, que seca no verão.
O índio chamava YPU, a fonte, o olho d’água.
A opinião predominante em relação à palavra Ipu, conhecida pelo ipuense de ontem e de hoje, é a de Dr. Eusébio de Sousa:- a denominação desse vocábulo nasceu da admiração que faziam os indígenas da queda que davam as águas do cimo da montanha, grafado assim em língua TUPI: IG: água, e PU, queda, palavra ONOMATOPAICA que quer dizer-QUEDA D’ÁGUA.
IPU, de Vila, foi elevada à categoria de cidade conforme reza a Lei nº 2.098, de 25 de novembro de 1885.
O desembargador Miguel Calmon du Pin e Almeida Presidente da Província do Ceará etc.
“Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial decretou e eu sanciono a lei seguinte”:
Art. 1º – Fica elevada a VILLA do IPU a categoria de CIDADE.
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrario.
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contém.
O secretário desta província a faça imprimir, publicar e correr.
1885 sexagésimo quarto da Independência do Brasil do Império.
Miguel Calmon du Pin e Almeida
Os seus primeiros edificadores deram como já dissemos a configuração de um pássaro, o bico fica no fim da Rua, goela o inicio da artéria e o papo o Quadro da Igrejinha propriamente dito.
O Município de Ipu limita-se ao Norte com Reriutaba e Pires Ferreira; ao Sul com a cidade de Ipueiras; a Leste com Hidrolândia; a Oeste, com Guaraciaba do Norte e Croata.
O Município está dentro da Mesorregião do Noroeste Cearense, portanto localizado na Microrregião do Ipu que engloba os seguintes municípios: Ipu, Ipueiras, Pires Ferreira, Poranga, Reriutaba e Varjota. Fica também, na Zona Fisiográfica de Sobral, tendo como sede à cidade de Ipu, a 247,20 m de altitude, as suas coordenadas geográficas estão assim distribuídas: Latitude 4° 19’ 20’’ S; Latitude 40° 42’ 39’’ W. Situa-se ao pé da Cordilheira da Ibiapaba, às margens do ribeirão Ipuçaba, com suas ruas amplas e arborizadas. Dista da capital do Estado pela rodovia da Fé 288 km. Os naturais do Ipu são chamados de ipuenses.
O Clima é semiárido quente; a oeste na zona serrana tem clima fresco atenuado pela altitude. A temperatura do ano inteiro varia de 24ºC a 34ºC.
Orografia: A Ibiapaba margeia o município de norte a sul. Na área sertaneja encontram-se os serrotes Flores e Fuzil.
População estimada em: 48.000 Habitantes. Crescimento Geométrico: 2,62% IBE – 2013.
Distritos, Ipu (sede), Abílio Martins, Flores e Várzea do Jiló, Ingazeira e Recanto. A cidade do Ipu é de belo aspecto, surpreendendo quem a visita à procura de novas sensações. Regularmente edificada, destaca-se pela sua pitoresca paisagem localizada no sopé da famosa Ibiapaba, tornando-se, portanto, a mais próxima de quantas outras das cidades estão encravadas em suas imediações. Em todo seu perímetro urbano conta atualmente com 213 ruas (ano de 2006) bem delineadas, quase todas calçamentadas, asfaltadas e arborizadas e com praças ajardinadas.
A maior curiosidade do município, na opinião do saudoso historiador Antônio Bezerra, é indubitavelmente a Bica, jorro d’água que se precipita de uma altura de 120 metros, em um sítio magnífico a dois quilômetros a sudoeste da cidade.
”De longe parece larga fita de prata, caída por sobre o verde “gaio” das árvores, ondulando suavemente ao efeito da luz do sol e expelindo as mais agradáveis irradiações”.
Rios, açudes e lagoas: os rios Acaraú e Jatobá são os únicos do município; há vários riachos, com destaque especial para o Ipuçaba que forma a nossa deslumbrante Bica. Além dos açudes São Bento, Bonito, Barrinha, Cipó e outros. Boa parte da represa do Açude Araras pertence ao nosso município. Existem as lagoas Arroz, Fuzil, João Lobo, Curicaca, Malhada Vermelha, Santa Rosa e Veados.
Ipu está dividida em duas zonas: serrana e sertaneja, ambas se prestam à agricultura e a pecuária.
Nas zonas agrícolas, os plantios mais explorados são os cereais: algodão, mandioca, cana-de-açúcar, milho, feijão. Hoje na zona serrana há uma produção uma boa produção de hortaliças, especialmente o tomate.
Nos pastoris, toda espécie de criação é aclimatada na região.
No teu rochedo azulado parece haver sido talhado a capricho, pois a concavidade do mesmo oferece a formação de uma chuva constante ininterrupta dia e noite banhando a vegetação verdejante que fica no sopé da serra.
E é nestas paragens do sertão que a morena virgem dos lábios de mel, Iracema, cujo corpo lindo e deslumbrado se banhava no orvalho da noite. Foi plaga da grande nação Tabajara, tribo guerreira que perlustrou vales e socalcos vadeando rios regatos, pelejando contra os invasores brancos até ao raiar da paz que Martim Soares Moreno, o bravo fidalgo, ofertou em troca do grande amor que a lenda registra com fervor e devoção. Povo feliz o ipuense, ainda guarda e com enlevo o lindo episódio ocorrido na cabana de Araquém, pai de Iracema, quando
viu sua filha quebrar a flecha da paz guerreira e beijar a testa do forasteiro que aprendera amar a mulher como símbolo vivo de ternura e afeto.
Ipu! Pátria de personalidades que marcaram a nossa história. Anderson Magalhães, Osvaldo Araújo, Francisco Lourenço Araújo, Abdias Martins, Abdoral Timbó, Edgard Corrêa e o saudoso Mons. Gonçalo de Oliveira Lima, entre muitos outros mais ouros.
Ipu! Pátria de grandes músicos. Não podemos deixar de citar aqui os nossos arquétipos musicais como: Thomaz de Aquino Corrêa, Raimundo e Zezé do Vale, Valderez Soares, Wilson Lopes, Alencar Soares, e outros ipuenses de coração que aqui citamos. Professor João Barreto dos Santos, Pedro Teles Pinheiro, Mestre João Louro, Mestre Marçal; e ressaltamos ainda Maestros Lázaro Freire, falecido há alguns poucos anos Jorge Nobre e Jairo Leitão, estes últimos personalidades marcantes de nossa música atual.
Zezé do Vale em feliz momento de inspiração compôs a Valsa “Passada do Meu Ipu”, que hoje cantamos como hino, não esquecendo a sua música em parceria Prof. Antônio Gondim de Lima, do conservatório de música Alberto Nepomuceno - IPU UM PEDACINHO que diz assim:
IPU UM PEDACINHO DO CÉU
O Ipu é uma cidade
Como a gente nunca viu
É um é pedacinho do céu
Que se desprendeu e caiu.
O doce de lá é mais doce
A fruta é mais saborosa
A mulher é a mais bonita
E a flor é mais cheirosa.
Tudo lá é diferente
Das cidades que eu conheço
Eu indo mora no céu
Do Ipu, eu não esqueço.
A cidade é muito boa
A região muito rica
Quem bebe água da Bica
Perde a cabeça e aqui fica.
OBRIGADO.
Francisco de Assis Martins (Prof. Mello)
Ontem 22 de agosto de 2015, na Academia de Letras Ciências e Artes - AILCA.

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