VIOLÕES QUE CHORAM
Ah! Plangentes
violões dormentes, mornos.
Soluços ao
luar, choros ao vento.
Tristes perfis, os mais vagos contornos·.
Bocas
murmurejante de lamento.
Noites de
além, remotas, que eu recordo
Noites de
solidão, noites remotas.
Que nos azuis
da fantasia bordo
Vou
constelando de visões ignotas.
Sutis
palpitações à luz da lua
Anseio dos
momentos mais saudosos
Quando lá
choram na deserta rua
As cordas
vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos
violões vão soluçando
Quando os sons
dos violões nas cordas gemem
E vão
dilacerando e deliciando
Rasgando as
almas que nas sombras tremem
Harmonia que pungem
que laceram
Dedos nervos e
ágeis que percorrem
Cordas e um
mundo de delicias geram
Gemidos
prantos que no espaço morrem.
E sons noturnos
e suspiradas mágoas,
Mágoas amargas
e melancolias,
No sussurro
monótono das águas
Noturnamente,
entre ramagens frias.
Vozes veladas,
veludosas vozes
Volúpias dos
violões, vozes veladas
Vagam nos
velhos vórtices velozes
Dos ventos,
vivas, vãs,vulcanizadas.
Tudo nas
cordas dos violões ecoa
E vibra e se
contorce no ar convulso
Tudo na noite,
tudo clama e voa
Sob a febril
agitação de um pulso
Que esses
violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo
Para onde vão,
fatigados no sonho
Almas que se
abismaram no mistério.
Cruz Sousa (Poeta
Negro)
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