quarta-feira, 27 de abril de 2016

Antonio Carvalho Martins.
 João Tomaz Lourenço, de saudosa memória, foi meu sogo de estimação.  Nasceu em Santana do Acaraú e descendente das famílias TOMAZ LOURENÇO.  Residiu algum tempo em Sobral, vindo terminar os seus dias de vida aqui em Fortaleza.
Seu Joãozinho, como era tratado na intimidade, foi um cidadão modesto, mas de conduta ilibada, homem de bons predicados.  Sr. João, quando novo, comprou um caminhão “Chevrolet”.  Quando adquiria qualquer objeto não se desapegava tão cedo.  Considera sempre de valor estimativo os objetos que adquiria.   Passou muitos anos com este caminhão que por último deu-lhe muita canseira e aborrecimento.   O carro já não tinha força suficiente e conduzia no máximo 3.000 quilos.
Sobral a Fortaleza e vice-versa foi o trecho que fez Sr. João descontar pecados.   Viagem penosa e morosa.   Além disso, existia num determinado trecho, um alto íngreme que provocava pavor aos motoristas.  O caminhão do Sr. João não subia, carregado, aquele alto.  Chegando ao sopé da “Ladeira do Diabo”, parava e era, então, descarregada toda a carga.  Subia vazio para receber a carga lá em cima, já no plano.  Felizmente existiam duas casas próximas e os moradores ajudavam o Antonio Godeira (motorista) a fazer  penosa baldeação.
Todas a viagens a mesma agonia: descarrega e carrega a carga do velho caminhão.
Uma das partes mais estragadas era a carroceria, cujos parafusos já estavam imprestáveis.  Em uma das viagens, o carro rodava normalmente.  Meia légua antes de alcançar o alto, o motorista notou uma diferença súbita na marca do velho “Crevrolet” que, surpreendentemente, desenvolvia uma velocidade incomum.  Isso foi observado, também, pelo Sr. Joãozinho que satisfeito, deu graças a Deus.  Ao avistarem o grande alto, Godeira fala para o proprietário:
_ “SeuJoão, o Sr. Já notou que o carro está 100%?  Vou embalar para ver se, desta vez, a gente sobe com carga e tudo.”
Sr. João concordou. Godeira embalou e o carro subiu, fazendo inveja a muitos caminhões novos.  Muitas graças foram dadas a Deus pelo proprietário e radiante ficou o motorista.
Após rodarem uma légua, desembaraçadamente, o motorista parou o carro para botar água no radiador.  Sr. João, ao sair da boleia, foi olhar a parte traseira do velho caminhão e, apavorado, gritou para o motorista:
_ Valha-me Deus! Quede a carga e a carroceria do caminhão, Godeira?”
Atendeu rápido o motorista e, vendo a situação lamentável, respondeu:
_ “Era por isso que este diabo estava tão bom assim”.

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