domingo, 6 de março de 2016

Histórias contadas pelo PAPAI.

Comentava muito entre nós a morte do velho Tamarineiro, principalmente quando foi ateado fogo no seu tronco ordenado por um Prefeito que servia nos anos de 1988, o autor foi o Galalau mecânico ambulante, mouco e com características de homem de raciocínio lento. O Tamarindeiro ou Tamarineiro tinha aproximadamente 280 anos, era realmente um marco na nossa história, e os descompromissados com a história detonaram fogo no velho e secular Tamarindeiro.

Contou-nos da construção do CINE TEATRO MODERNO feito pelo Padre Caubí Jardim Pontes com todas as suas formas, arquitetadas para o funcionamento de Peças Teatrais e Cinema era na época do Cinema Mudo. Muito bonito e muito bem construído, e depois destruído o que hoje seria uma dos nossos grandes patrimônios de nossa história - O Cine Moderno.

E as histórias vão se embrenhando pelos caminhos das criações aqui no Ipu. Vem o TIRO DE GUERRA, guarnição do exército que muito serviu a nossa juventude deixando até hoje um marco notável na história de nossa Ipu.Ficava ali onde funcionou a antiga Fundação SESP.

Falou-nos do Curtume existente no CAFUTE nas imediações da Rua hoje denominada de Euclides Coelho. Era de propriedade de um alemão que aqui residiu por algum tempo, nas suas conversas não se lembrava mais do nome do tal Alemão, contudo acreditamos ter sido por pouco tempo.

A história do XEXÉM, um local onde se realizavam festas-bailes com as mulheres da época. Eram chamadas marafonas de vida fácil. Era localizado abaixo da Estação Ferroviária quase entrando no Bairro dos Canudos. Nas imediações existia outro era “O GATO PRETO” muito cortejado pelos menos favorecidos que não tinham acesso à “VELHA MARIA MAGA”, ou a RUA DA MANGUEIRA e outros, imaginem só a mudança. Que diferença... Hoje a coisa é bem diferente.

Mas as histórias continuam, surge nos bate papos o GABINETE DE LEITURA, que de certa forma deu uma contribuição muito grande na formação da juventude ipuense daqueles tempos. Criado por um grupo de intelectuais da cidade como: Thomaz de Aquino Corrêa, Abílio Martins, Dr. Francisco das Chagas Pinto, Joaquim de Oliveira Lima, Edgard Corrêa, Manoel Bessa Guimarães, foram os fundadores.
Se considerarmos o seu valor, hoje seria de igual forma a uma Academia de Letras.

O Quebra Bodega, localizado abaixo da Bica, era um lugar reservado para a prática sexual acompanhado de um banho com as águas límpidas do Riacho Ipuçaba, (até que era romântico...) Gostoso...
Do Gangão com sua cachoeira imponente e bonita, a sombra dos mangueirais deliciava toda juventude ipuense com aquele apetecível banho, com uma queda d’água limpa, livre da poluição tão característica nos nossos dias.

Ponte da Beinha, via que dá acesso ao Bairro mais populoso da cidade, o Alto dos 14, tornou-se assim conhecida por residir ali nas suas proximidades a Professora Maria Amélia Mesquita Pereira popularmente conhecida por Beinha, figura extrovertida, alegre e muito amiga, filha do Prefeito de Ipu na década de vinte ou mais precisamente de: 1925 a 1929  Sr. Manoel Victor de Mesquita.
Ficou também conhecido além da Ponte, a Rua ou o Beco onde está localizada a Ponte como: Beco da Beinha, outro é o Alto da Beinha e por fim a Casa da Beinha.
Do Buraco da Jia, dos Canos, banhos ao longo do leito do Ipuçaba, livre de poluição e mais alguma coisa.

Da aguada “Pajeú”, um cacimbão as margens do Riacho Ipuçaba nas imediações dos antigos canos, ainda hoje existe o monumento com as inscrições do seu criador Prefeito Joaquim de Oliveira Lima em 1933, que abastecia a cidade. A água era carregada em potes e latas e puxada com o auxilio de uma bomba manual.

Papai falava muito que achava bonito, as famílias sentadas nas calçadas, e lembra as que resediam no Quadro. Conversavam e comentavam sobre a Política Local e Brasileira, das Festas do Mártir Santo, das Quermesses, os Balões que eram jogados ao ar durantes as novenas da Festa de Janeiro, confeccionados pelo Cajão, falavam da sociedade e tudo que se relacionasse com a terra de Augusto Passos.

Lembrou ainda as Escolas Reunidas, dirigidas por D. Carmélia Passos, Antonio Marrocos e outros.

Da Banda de Música, tendo a regência do Maestro Lopes, pai do Wilson Lopes e do Maestro Raimundo do Vale, Manoel Felício, do Coro Santa Cecília e dos leilões das Festas de São Sebastião.

Do Partido Azul e o Encarnado, que foram organizados para angariar fundos para a Festa de São Sebastião. Travou-se uma verdadeira batalha cada partido queria ser o primeiro nas arrecadações. Tomou aspecto político e o PSD ficou com o partido Vermelho e o Azul com a UDN.

O Hino do Partido Encarnado papai relatou assim:
Nós somos encarnados
O partido do amor
Somos, somos o abafar na avenida.
Somos mais os vendedores
Em folgar com alegria
Que para o ano ainda somos da folia.

O cordão encarnado
Quando chega na avenida
Alegra os corações
Por mais entristecidos
E depois disto não precisa
Mais de nada
Somente o gozo de sermos encarnados.
Parodia – (Música da Mulher do Leiteiro)

Na calçada de sua Velha Casa onde costumeiramente se sentava pela manhã e à tardinha, ficava a contemplar duas Palmeiras no topo do talhado da Serra da Ibiapaba. São duas palmeiras que de longe parecem juntas, no entanto são bem distantes. Certa vez conseguimos mostrá-lo por aproximação, com o auxilio de um binóculo, ficou muito satisfeito, mas sempre estava a convidar alguém para um dia que ninguém sabia qual, fazer um piquenique a sombra da tão sonhada Palmeira. Não aconteceu, ficou apenas na imaginação, pois se tornava até mesmo impossível chegar até lá.

Cinema e Bar Trianon.        
Papai lembrava muito dos cinemas que existiam na cidade, inicialmente foi o Cine Trianon, de propriedade dos Irmãos Fonteles (Os Prontinhos) era o Riomar, Jaime e Milton Fonteles que funcionara por algum tempo na Rua da Goela onde funcionou por muito tempo em total atividade educacional a Escola Ternurinha. A película era muda e muitas partes eram explicadas pelos proprietários. Os Filmes mais comuns eram “O Gordo e O Magro” “A Paixão de Cristo” e algumas outras fitas eram de “Cawboys”. Todos freqüentavam e viviam os grandes momentos das histórias exibidas. Depois se transferiu para Rua Pe. Corrêa onde hoje é a Panificadora “Sete Estrelas”, continuando por muito tempo com o mesmo ritmo de filmes.

Os Irmãos Fonteles possuíam ainda o Bar Trianon. Bar muito Chique vendia todos os produtos inerentes ao funcionamento de um Bar. Papai lembra que o balcão era em forma de U bem grande com assentos altos e com acolchoados que ficava bem macio e aconchegante para clientela. Era localizado onde hoje é uma das Casas Freitas.


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