Trens.
Trem.
Hoje em dia, normalmente, as composições ferroviárias são referidas no Brasil como "trens". Já
em Portugal e
nos restantes países de Língua Portuguesa são, normalmente, referidas
como "comboios". Os dois termos são equivalentes, originalmente
referindo-se ambos a um conjunto de veículos que
se deslocavam juntos. Dada a equivalência, apesar de não ser frequente na
linguagem mais popular, na linguagem ferroviária mais especializada também é
usado ocasionalmente o termo "comboio" no Brasil.
De
assinalar que o termo comboio refere-se
não somente ao meio de transporte, mas também à unidade de material rolante, e assim tanto o é uma automotora como
um comboio de passageiros ou de mercadorias
Revolução
Industrial
A
composição ferroviária puxada pela máquina a vapor teve
uma importância enorme nos últimos duzentos anos da história da humanidade. Ele
foi sem dúvida o elemento mais importante da Revolução Industrial, permitindo a deslocação das matérias primas para
as fábricas rápida
e eficazmente e levando os produtos acabados a pessoas, a regiões distantes e
aos países onde eram mais necessários. Foi importantíssima a sua contribuição
nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais, levando
rapidamente homens e armasonde estas mais faltas faziam. Foram
os comboios, a quem os índios chamaram Cavalo de Ferro (Iron horse),
que ajudaram os colonos ingleses a desbravar o oeste americano e a construir o
que hoje é considerado como a maior potência mundial.
Foram
os comboios que ligaram populações, regiões, países e continentes que até aí
estavam completamente isolados ou onde poderia demorar semanas ou meses para
fazer uma simples comunicação entre si; na agricultura,
produtos que corriam o risco de ficar nas regiões onde eram produzidos, puderam
começar a ser despachados para grandes distâncias, havendo muito menor risco da
sua degradação e encorajando assim, o aumento das produções.
Em
redor das estações ferroviárias, nasceram e cresceram vilas e cidades, onde até
aí, nada existia; a construção das linhas ferroviárias empregou
muitos milhares de pessoas, de cidades, regiões e até de países diferentes,
contribuindo assim para aproximar diferentes povos e culturas.
Cerca
de 400 anos antes os portugueses, com os seus descobrimentos,
deram novos mundos ao mundo;
esta máxima poder-se-á, com toda a justiça, aplicar ao comboio e ao
desenvolvimento que este nos proporcionou.
No
entanto, o passo de gigante para o desenvolvimento da locomotiva e por
consequência do comboio, seria dado por George Stephenson.
Este inglês, mecânico nas minas de Killingworth, construiu a sua primeira
locomotiva a quem chamou Blucher,
corria o ano de 1814.
A Blucher, que se
destinava ao transporte dos materiais da mina, conseguiu puxar uma carga de
trinta toneladas à velocidade de 6 quilómetros por hora. Stephenson viria a
construir a primeira linha férrea,
entre Stockton e
a região mineira deDarlington,
que foi inaugurada em 27 de Setembro de 1825 e tinha 61 km de
comprimento; quatro anos mais tarde, foi chamado a construir a linha férrea
entre Liverpool e Manchester.
Nesta linha foi usada uma nova locomotiva, baptizada Rocket, que tinha uma nova caldeira
tubular inventada pelo engenheiro francês Marc Seguin e
já atingia velocidades da ordem dos 30 km/hora.
No
início do século XIX,
as rodas motrizes passaram a ser colocadas atrás da caldeira, permitindo desta
forma aumentar o diâmetro das rodas e, consequentemente, o aumento da
velocidade de ponta. O escocês James Watt,
com a introdução de várias alterações na concepção dos motores a vapor,
designadamente na separação do condensador dos cilindros, muito contribuiu
também para o desenvolvimento dos caminhos de ferro. A partir daqui, a evolução
do comboio e das linhas ferroviárias tornou-se imparável, transportando o
progresso à volta do globo: A meio do século XIX já existiam muitos milhares de
quilómetros de via férrea por todo o mundo: Em Inglaterra, 10 mil; nos Estados Unidos,
30 mil. Neste último, com a colonização do Oeste, esta cifra atingiu mais de
400 mil quilómetros no início do século XX.
"Baronesa" era o nome da locomotiva do primeiro trem a
circular no Brasil. Na sua primeira viagem, no dia 30 de abril de 1854, percorreu a distância de 14 km num percurso que ligava a Baía de Guanabara a Raiz da Serra, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (depois, visconde), foi o responsável pela construção
desta ferrovia através da concessão dada pelo imperador dom Pedro II, conhecida por "Estrada de Ferro Petrópolis" ou
"Estrada de Ferro Mauá".
No entanto, esta não era a primeira vez que se tentava
introduzir o trem no Brasil. Em 1835, o regente Diogo Antônio Feijó tinha promulgado uma lei que concedia benesses a quem
construísse uma estrada de ferro que ligasse o Rio de Janeiro às capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Esta arrojada e arriscada proposta não encontrou, contudo,
ninguém que a quisesse explorar.
Em 9 de fevereiro de 1858, foi inaugurada a segunda ferrovia brasileira, entre Recife e São Francisco e, em 29 de março do mesmo ano, era inaugurada a
"Estrada de Ferro Dom Pedro II", que, em 1889, se viria a tornar na Estrada de Ferro Central do Brasil; o seu construtor e primeiro diretor foi Cristiano Benedito Ottoni.
Nenhum comentário:
Postar um comentário