O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos
outros. A razão disso é que a alma humana se nutre do bem próprio ou do
mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele
que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará se nivelar
com ele, destruindo a sua fortuna.
As pessoas que são curiosas e
indiscretas são geralmente invejosas; porque conhecer muito a respeito
da vida alheia não pode resultar do que concernem os próprios
negócios. Isso deve provir, portanto, de tomar uma espécie de prazer
teatral a admirar a fortuna dos outros. Aliás, quem não se ocupa senão
dos próprios negócios não encontra matéria para invejas. Porque a inveja
é uma paixão calaceira, isto é, passeia pelas ruas e não fica em casa.
Conte seu jardim só por suas flores e nunca pelas folhas caídas no
chão. E a vida pelas horas mais felizes e não pela escuridão. Conte suas
noites pelas estrelas...
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