José
Liberato Filho.
A crônica veste-se de pesado crepe
rememorando os dias desse pranteado moço José Liberato Filho que, em vida tão curta, deixou traços
luminosos de seus desenvolvidos intelectos.
Finalizando este capitulo em que fica
descrito no desenvolvimento das letras da terra. Não pode o cronista esquecer o
nome querido de um malogrado filho do Ipu, prematuramente roubado do numero dos
vivos quando lhe sorriam doces e fagueiras, vinte e duas primaveras, cheias de
esperanças e ilusões e da ardência peculiar aos jovens de sua idade.
José Liberato morreu aos 22 anos, como
Acadêmico de Direito, deixando regular bagagem de escritos publicados em
jornais, principalmente no Jornal
do Ceará, do qual era assíduo colaborador, ao tempo da direção do pranteado
cearense Waldemiro Cavalcante.
Cultivou a poesia com esmerado gosto, e,
já doente, internado no hospício de Parangaba, escreveu o soneto abaixo, talvez
seus últimos ensaios nas letras.
Causa-nos dó recordar esses versos
sentimentais em que o desventurado ipuense, alterado embora em suas faculdades
mentais, implorava á santa e extremosa mãe sua cura, rogava um paliativo para o
seu cruel sofrimento, amenizando as suas dores, nas grades do asilo:
Á MINHA MÃE
Ai minha mãe, ai santa
criatura,
Consolo que me foste
em vida outrora,
Que inda me alenta
nesta desventura,
Cuja lembrança a minha
dor minora.
Espero que do céu uma
luz pura,
Uma benção sagrada que
avigora
Venha trazer-me o
balsamo da cura,
Venha fortalecer-me a
alma que chora.
Desprende das paragens
luminosas,
Implorando d'entidades
poderosas
Melhora a este teu
filho humilde e crente.
Ai, quebra deste
quarto as portas duras,
Com lugares mais
livres me protejas,
Que aspiro agora mesmo
reverente.
***
Quão varia e cruel é a
sina!...
«E é isto a vida!...
É assim o destino!».
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