terça-feira, 10 de novembro de 2015

APRESENTAÇÃO
VIANDANTES NOS CAMINHOS DO IPU. O título, por si próprio, é um convite a uma viagem no espaço  e no tempo. E isso, por assim dizer, instiga a imaginação de quem dispõe, nas mãos, de páginas que  conduzem  a um mergulho prazeroso no remoto passado  da humanidade,  vindo até nossos dias.
O leitor está diante de uma obra original e, ao mesmo tempo, intrigante, histórica  e cultural, que vai enriquecer a saga de nossa cidade  e de nossa gente.   Original pela novidade do tema, nunca antes investigado, proposto e desenvolvido; intrigante porque o talento indiscutível do seu pesquisador, Professor Francisco Melo, traz informações impactantes que remontam de obscuros períodos da existência do homo erectus, do homo sapiens... como o Paleolítico -  Idade da Pedra Lascada e Pré-história, há mais ou menos uns 2 milhões e 500 mil anos. Passando pelo Neolítico, que se estendeu até 9 mil anos a.C. ou início das primeiras sociedades. O  livro nos conduz, também,  ao período do Mesolítico, entre 10 mil e 5 mil anos a.C., uma época de transição entre os dois períodos anteriores. Assim, os textos se desdobram como uma espécie de retorno a um sol do gênesis, uma forma de máquina do tempo: os personagens e os leitores se confundem, apresentando-se, ambos, como os verdadeiros “Viandantes”, pois caminham e agem paralelamente nos cenários das vias da citada pré-história.
Paramos aflitos diante de seres reais e homodiegéticos, que saltam diante dos nossos olhos, que vivem e  contam os próprios acontecimentos,  e de um autor intradiegético, que não interfere nos fatos descobertos e descritos, mas os apresenta fielmente ao seu narratário, como um repórter observador.  . 
A característica de obra histórica e cultural  é concebida  nos momentos em que, o escritor em epígrafe, escavando o solo profundo da “grande aventura do homem”, como um autêntico arqueólogo, desenterra das trevas primitivas as pegadas dos nossos ancestrais, ocultas à grande maioria dos humanos ditos civilizados da era da astronáutica, do computador, do telefone celular,  dos transplantes de órgãos, dos novos materiais, dos grandes blocos econômicos... Essas pegadas vêm desde o lombo dos burros, já bem mais recentemente, até, como diríamos, à cúspide dos foguetes e ás nossas naves interplanetárias, passando pelo soberano maestro, o  sonoro carro de boi e, muito do nosso conhecimento, o velho ritmista trem de ferro.
Viandantes pelos caminhos do Ipu  resgata costumes de meios de transportes que, para o homem do século 21 acostumado ao trem-bala, ao avião, aos confortáveis carros de luxo, ao ônibus com ar condicionado, à TV, ao DVD, a open drive, à era da robótica, do rádio, etc., surpreende ao aterrissar em nossa literatura como um espantoso e atraente veículo cultural.  . 
Dessa forma e inesperadamente, surge esta obra do grande Professor Francisco de Assis Martins, no espaço maior das Letras, das Ciências e das Artes da  nossa sociedade.  Vem somar à cultura Ipuense até mesmo a relíquia Tabajara, as serestas pelas nossas “ruas com nomes exóticos”, à Iracema, da poesia indianista, de José de Alencar e  Luiza Homem, de Domingos Olímpio, romance Naturalista, do século XIX, cujos fatos patéticos, no “livro homônimo”, referendam a cidade de Sobral. Por esta razão, a sua pesquisa adquire um caráter universal, como se espera de todo artista da palavra.
Assim, como não recordar da vida de estudantes ipuenses, nos dourados tempos da capital Fortaleza? E os amores, as serestas, os sonhos futuros no Ipu, a chegada ao trem azul, o desembarque na fervilhante Estação Ferroviária?  Enfim, a gloriosa década de 1960, um triunfo de áureas manhãs dos talentosos jovens da “terra cheia de encantamento”, cujo passado de poética memória o mestre e Professor Mello traz a lume, agora.
Finalmente, pela temática apresentada, pela importância histórica, pela linguagem científica empregada o livro tem, ainda, uma grande qualidade didática. Por isso sugerimos ser adotado, para estudos, pelas unidades executoras de ensino  e educação particular e pública do Ipu.

RAMOS PONTES
Fortaleza /CE 
Outubro de 2013



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