segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Um apêndice para contar esta Serenata que chamei de: SERENATA MALOGRADA.

...o Mello dedilhava habilmente as cordas do violão e eu um vozeirão, era o cantor-mor. Defronte a residência das garotas das quais éramos fãs, parávamos e o Mello e Eu interpretávamos os sucessos da época, principalmente músicas do repertório de Nelson Gonçalves: "Boemia", "Deusa do Asfalto", "Atiraste uma Pedra", "Renúncia" e outras.
Uma canção, uma dose de gim-tônica e a madrugada friorenta iam esquentando. Quando o cantor titular cansava, nós nos revezávamos como improvisados cantores. A certa altura, interpretávamos com nossos poucos recursos vocais, uma melodia, quando, alguém que, com certeza queria dormir sossegado, soltou um gigantesco cachorro para nos atacar. Ao depararmos com o bicho furioso, de olhos acesos, resolvemos fugir em alta velocidade para salvar a pele. No trajeto, deixamos cair às garrafas de bebidas que levamos como estimulante. Mas, o pior foi à decepção que tivemos no dia seguinte. Encontramos, no "footing" do jardim da praça, um grupo de mocinhas para as para as quais dedicamos nossos números musicais. Conversando com elas, na esperança de receber elogios, fiquei decepcionado quando uma delas assim se expressou: "Daqui uns vinte anos "talvez" você se torne um bom cantor, nem deu para saber quais as músicas que você cantou".
Depois dessa serenata frustrada, o negócio foi desistir, definitivamente, de fazer outra.
As serenatas percorriam ruas e mais ruas. Vou deixar aqui alguns conceitos meus sobre ruas.
Ruas. Imprescindível não caminharmos diariamente nas nossas ruas. Achei por bem afirmar que as ruas são os lugares onde passam diariamente transeuntes por nossas artérias que são os nossos principais locais por onde caminhamos.

*A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita de esforços exaustivos de muitos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer pedras para fronteiras, cantarem, cobertos de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante soluço. A rua sente nos nervos esta miséria de criação e por isso é mais igualitária a mais socialista, as mais niveladas das obras humanas"
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A rua faz as celebridades e as revoltas, a rua criou o tipo universal, que se vive em cada aspecto urbano, em cada detalhe, em cada praça, tipo diabólica que tem os gomos e dos sítios das florestas. Tipo prateiforme feito de risos e de lagrimas... eu sou a rua, mulher eternamente verde jamais encontrei outra carreira aberta senão a de ser a rua e, por todo tempo; dede que este penoso mundo é mundo eu sou a rua.
“A Rua só esta vazia enquanto o coração pulsa o movimento só acontece enquanto o coração AMA”
*As Ruas constituem um marco extraordinário de nossas cidades, um local onde se instalam os nossos primeiros moradores; um relicário de sentimentos de tudo que se passa e passamos diurnalmente em nossas vidas, nós, moradores de nossas ruas, fazemos a história.

*Cada um tem uma história para relatar os que já viveram em nossas inesquecíveis Ruas.

Uma sugestão nas mudanças de nomes de ruas.  Coloca-se em baixo do nome oficial o nome de origem que sempre sugere o primitivismo de suas criações, cujos significados contam com certeza a nossa história.
* A recuperação memorialística do passado nunca é saudade do passado. É uma recuperação radicalmente critica.
Nas Ruas calçadas de Pedras, nos casarões da velha cidade dos antigos lampiões, voltar ao passado é fácil.

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