Um
apêndice para contar esta Serenata que chamei de: SERENATA MALOGRADA.
...o Mello dedilhava habilmente
as cordas do violão e eu um vozeirão, era o cantor-mor. Defronte a residência
das garotas das quais éramos fãs, parávamos e o Mello e Eu interpretávamos os
sucessos da época, principalmente músicas do repertório de Nelson Gonçalves:
"Boemia", "Deusa do Asfalto", "Atiraste uma
Pedra", "Renúncia" e outras.
Uma canção, uma dose de
gim-tônica e a madrugada friorenta iam esquentando. Quando o cantor titular
cansava, nós nos revezávamos como improvisados cantores. A certa altura,
interpretávamos com nossos poucos recursos vocais, uma melodia, quando, alguém
que, com certeza queria dormir sossegado, soltou um gigantesco cachorro para
nos atacar. Ao depararmos com o bicho furioso, de olhos acesos, resolvemos
fugir em alta velocidade para salvar a pele. No trajeto, deixamos cair às
garrafas de bebidas que levamos como estimulante. Mas, o pior foi à decepção
que tivemos no dia seguinte. Encontramos, no "footing" do jardim da
praça, um grupo de mocinhas para as para as quais dedicamos nossos números
musicais. Conversando com elas, na esperança de receber elogios, fiquei
decepcionado quando uma delas assim se expressou: "Daqui uns vinte anos
"talvez" você se torne um bom cantor, nem deu para saber quais as
músicas que você cantou".
Depois dessa serenata
frustrada, o negócio foi desistir, definitivamente, de fazer outra.
As serenatas percorriam ruas e
mais ruas. Vou deixar aqui alguns conceitos meus sobre ruas.
Ruas. Imprescindível não
caminharmos diariamente nas nossas ruas. Achei por bem afirmar que as ruas são
os lugares onde passam diariamente transeuntes por nossas artérias que são os
nossos principais locais por onde caminhamos.
*A rua nasce,
como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu
calçamento. Cada casa que se ergue é feita de esforços exaustivos de muitos
seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer pedras para
fronteiras, cantarem, cobertos de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar
parece um arquejante soluço. A rua sente nos nervos esta miséria de criação e
por isso é mais igualitária a mais socialista, as mais niveladas das obras
humanas"
.
A rua faz as
celebridades e as revoltas, a rua criou o tipo universal, que se vive em cada
aspecto urbano, em cada detalhe, em cada praça, tipo diabólica que tem os gomos
e dos sítios das florestas. Tipo prateiforme feito de risos e de lagrimas... eu
sou a rua, mulher eternamente verde jamais encontrei outra carreira aberta
senão a de ser a rua e, por todo tempo; dede que este penoso mundo é mundo eu
sou a rua.
“A Rua só esta vazia enquanto o coração pulsa o movimento só acontece
enquanto o coração AMA”
*As Ruas constituem um marco extraordinário de nossas cidades, um local
onde se instalam os nossos primeiros moradores; um relicário de sentimentos de
tudo que se passa e passamos diurnalmente em nossas vidas, nós, moradores de nossas ruas, fazemos a história.
*Cada um tem uma história para relatar os que já viveram em nossas
inesquecíveis Ruas.
Uma sugestão
nas mudanças de nomes de ruas. Coloca-se
em baixo do nome oficial o nome de origem que sempre sugere o primitivismo de
suas criações, cujos significados contam com certeza a nossa história.
* A recuperação memorialística do passado nunca é
saudade do passado. É uma recuperação radicalmente critica.
Nas Ruas
calçadas de Pedras, nos casarões da velha cidade dos antigos lampiões, voltar
ao passado é fácil.
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