sábado, 24 de outubro de 2015

“... Olhando a Banda Passar”.

Não queria escrever sobre Banda de Música. Mas em virtude um Tio, Abílio Coelho irmão de minha avó Anna Coelho Mello possuir dotes excepcionais para música, tornando-se Maestro, resolvi dar para nossa história este texto.
Toda igreja tem estreita relação com a existência de Banda de Música ornamento indispensável das festividades religiosas. Ipu, não foi diferente. Nenhum Ipuense deixou de ser despertado ao raiar do sol, pelos acordes das alvoradas matinais das Bandas de Música, executando dobradas, valsas no patamar da Igreja. Saindo das sedes especiais ou até mesmo da casa do maestro, fardados a rigor, em formação militar percorrendo as ruas tocando até chegar ao patamar da Igreja. No seu encalço, seguia a meninada que a admirava e respeitava.
O mesmo acontecia ao meio-dia, antes mesmo do RELÓGIO tocar as doze badaladas: era a alvorada do meio - dia. O ritual tinha sequencia à tardinha, antecipando ao toque do sino que batia a primeira chamada para novena. Já a meninada ficava ao redor dos músicos, segurando as suas partituras, onde os músicos por sua vez     tudo faziam para melhor chamar atenção, não só dos meninos, mas, de todo Povo que passava pelo Patamar. Terminada a novena, seguia a banda para o coreto da Praça de Iracema, onde era realizada a retreta, sendo executados, temas musicais voltados para música popular. Lá os casais de namorados, de braços dados passeavam pela avenidinha, pelas quermesses, onde eram vendidas pequenas guloseimas, dentre elas o pirulito.
Qual um de nós, ouvindo hoje uma Banda executar os seus dobrados, não sente forte saudade do passado?
A Banda de Música faz parte de nossa Cultura, pois, temos desde remotos tempos. Ela não só solenizava nossas datas religiosas, como alegravam as festas dançantes nas residências familiares, hoje substituída por aparelhos sonoros advindos da moderna e sofisticada tecnologia eletrônica.
Nossas bandas de música foram sempre as mais bem equipadas e organizadas da região, sendo solicitada até hoje para animar festividades cívicas e religiosas das nossas cidades vizinhas, fazendo parte, como dissemos de nossa formação folclórica-social.
Em 1924 Tio Abílio resolve residir em Tamboril e em lá chegando foi convidado de imediato para reger a banda de música da cidade.

Foi regente em Tamboril até o ano de 1927. Em Tamboril ele compôs com e letra e música de sua autoria o Hino do Time de Futebol da cidade.


Vejamos o Hino:
O time tamborilemse                                                   
Embora fraco tem seu valor
Pois ele é cearense.
Não teme a luta seja onde for

Coro:
Ousado time dos alvinegros
Sempre desgostosos vamos lutar
Pois  pode ser de gloria venha de loiros nos coroar.

Tatim e Chico Holanda,
Jogam no passe com perfeição,
Setúbal que vem de banda
Igual à força que teve Sanção.
Galante sempre ligeiro
Chuta a pelota e defende bem.
Rosendo e Santeiro são dois atletas como igual não tem.

Frota na cabeçada
Faz investida de campeão,
E sendo a luta encarada
Joga Setúbal e defende o balão
(Ano de 1927)

Em seguida Tio Abílio deixou a Banda e foi residir na cidade de Granja onde se tornou regente da Banda de Música local.
Faleceu em Granja no ano de 1932, onde foi sepultado.·.


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