“... Olhando a Banda Passar”.
Não queria escrever sobre Banda de Música.
Mas em virtude um Tio, Abílio Coelho irmão de minha avó Anna Coelho Mello
possuir dotes excepcionais para música, tornando-se Maestro, resolvi dar para
nossa história este texto.
Toda igreja tem estreita relação com a
existência de Banda de Música ornamento indispensável das festividades
religiosas. Ipu, não foi diferente. Nenhum Ipuense deixou de ser despertado ao
raiar do sol, pelos acordes das alvoradas matinais das Bandas de Música,
executando dobradas, valsas no patamar da Igreja. Saindo das sedes especiais ou
até mesmo da casa do maestro, fardados a rigor, em formação militar percorrendo
as ruas tocando até chegar ao patamar da Igreja. No seu encalço, seguia a
meninada que a admirava e respeitava.
O mesmo acontecia ao meio-dia, antes mesmo
do RELÓGIO tocar as doze badaladas: era a alvorada do meio - dia. O ritual
tinha sequencia à tardinha, antecipando ao toque do sino que batia a primeira
chamada para novena. Já a meninada ficava ao redor dos músicos, segurando as
suas partituras, onde os músicos por sua vez
tudo faziam para melhor chamar atenção, não só dos meninos, mas, de todo
Povo que passava pelo Patamar. Terminada a novena, seguia a banda para o coreto
da Praça de Iracema, onde era realizada a retreta, sendo executados, temas
musicais voltados para música popular. Lá os casais de namorados, de braços
dados passeavam pela avenidinha, pelas quermesses, onde eram vendidas pequenas
guloseimas, dentre elas o pirulito.
Qual um de nós, ouvindo hoje uma Banda executar
os seus dobrados, não sente forte saudade do passado?
A Banda de Música faz parte de nossa
Cultura, pois, temos desde remotos tempos. Ela não só solenizava nossas datas
religiosas, como alegravam as festas dançantes nas residências familiares, hoje
substituída por aparelhos sonoros advindos da moderna e sofisticada tecnologia
eletrônica.
Nossas bandas de música foram sempre as
mais bem equipadas e organizadas da região, sendo solicitada até hoje para
animar festividades cívicas e religiosas das nossas cidades vizinhas, fazendo
parte, como dissemos de nossa formação folclórica-social.
Em 1924 Tio Abílio resolve residir em
Tamboril e em lá chegando foi convidado de imediato para reger a banda de
música da cidade.
Foi
regente em Tamboril até o ano de 1927. Em Tamboril ele compôs com e letra e
música de sua autoria o Hino do Time de Futebol da cidade.
Vejamos o Hino:
O time tamborilemse
Embora fraco tem seu valor
Pois ele é cearense.
Não teme a luta seja onde for
Coro:
Ousado time dos alvinegros
Sempre desgostosos vamos lutar
Pois
pode ser de gloria venha de loiros nos coroar.
Tatim e Chico Holanda,
Jogam no passe com perfeição,
Setúbal que vem de banda
Igual à força que teve Sanção.
Galante sempre ligeiro
Chuta a pelota e defende bem.
Rosendo e Santeiro são dois atletas como
igual não tem.
Frota na cabeçada
Faz investida de campeão,
E sendo a luta encarada
Joga Setúbal e defende o balão
(Ano de 1927)
Em seguida Tio Abílio deixou a Banda e foi
residir na cidade de Granja onde se tornou regente da Banda de Música local.
Faleceu em Granja no ano de 1932, onde foi
sepultado.·.
Esplêndido relato.
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