quarta-feira, 12 de agosto de 2015


CHAMARIZ


Este romance é uma das obras-primas de José de Alencar. Ele tem a capacidade de levar o leitor mata adentro para mostras os seus povos, os seus mistérios, os seus segredos, além de hábitos e costumes que não fazem parte da nossa rotina. 
A beleza da obra pode ser observada em muitos aspectos, desde a apresentação da personagem principal - "a virgem dos lábios de mel", que traz em seu corpo a beleza dos nativos da terra, cabelos mais longos que seu talhe de palmeira e destreza maior que a da ema selvagem.
O tempo não é contado pelo relógio, dias e meses. Em lugar destes há os sóis, as luas, as estações do ano, as floradas das árvores e os seus frutos, que fornecem todo o alimento necessário tanto para a força do corpo como para a cura do espírito. Iracema, a mais bela de todas as mulheres, detentora dos principais segredos que desvenda os mistérios do que é conhecido pela razão e o coração, é a protetora da vida. 
Em meio aos perigos naturais, há ainda a ação dos povos que lutam entre si para provar a valentia, que serve de pano de fundo da história de amor ontológica que se é formada com Martim. Isto é, procura-se explicar, didaticamente, quem nós somos e qual é a nossa sina de povo aguerrido e forte.
O sacrifício de um dá vida para muitos. Eis o nascimento da nação brasileira. 
Hoje, embora a consciência da tolerância das diferentes culturas esteja bem mais madura, muitos crimes e desrespeitos ainda são cometidos contra os povos indígenas. A obra serve para sensibilizar os jovens para convivências mais harmoniosas com o meio em que se vive e os grupamentos humanos mais frágeis. Há vários elementos da cultura indígena que podem nos mostrar que é possível viver de uma maneira  harmônica.
Mais do que uma declaração de amor pelo Estado do Ceará, aos seus primeiros habitantes e suas paisagens, a obra é uma viagem pela parte da Mata Atlântica que não mais existe.
Quem ama, cuida! Oxalá a leitura do romance faça viver uma história de amor com nossas origens.

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