terça-feira, 14 de julho de 2015

Serenata

Era noite de lua! Estávamos todos no Bar Alvora de propriedade do Gessy Torquato.
Violões afinavam suas primas e bordões, o cantor aquecia a sua voz saltando agradavelmente alguns agudos de sua voz, outro se manifestava e sugeria o repertório para serem executados nas casas de suas amadas e tudo mais. Eram os preparativos para mais uma noite de serenata, daquelas férias de mil novecentos e antigamente.
E a lua como sempre a nos acompanhar com sua luz argêntea para inspiração das mais doces cavatinas.
E seguíamos em cada casa a mesma e as preferidas por nós nas residências de nossas namoradas muitas delas hoje nossas esposas.
Um silencia! Diz o meu amigo Marcos Lima (Baú), que eu era exigente e pedia que todos fizessem o mais profundo e absoluto silencia, para que a magnitude das músicas ali executa tivessem um efeito saído alma e do coração.
A flauta sonorizava as modinhas executadas naquela noite com o seu gorjeio e o soluçar em notas esmaecidas de saudades e de uma dolência sem igual
Estávamos, pois noite adentro ou madrugada infinda pelas ruas onde sentíamos a reciprocidade daqueles momentos que até hoje chamamos de encantado.
Nas ruas, do Papoco, da Goela, da Itália, Cel. Felix e na Praça da Estação eram roteiros certíssimos de nossa musicas em profundo deveio.
Já dizia o cantor “Lua é um disco em que o criador gravou uma canção”, e nós ali estávamos gravando para perpetuação da memoria a antiga serenata que até hoje falamos. A Lua não gravou, mas nós gravamos e até falamos e cantamos as nossas SERENATAS....as Serenatas de antigamente.

Um apêndice para contar esta Serenata que chamei de: SERENATA MALOGRADA.
...o Mello dedilhava habilmente as cordas do violão e eu um vozeirão, era o cantor-mor. Defronte a residência das garotas das quais éramos fãs, parávamos e o Mello e Eu interpretávamos os sucessos da época, principalmente músicas do repertório de Nelson Gonçalves: "Boemia", "Deusa do Asfalto", "Atiraste uma Pedra", "Renúncia" e outras.
Uma canção, uma dose de gim-tônica e a madrugada friorenta iam esquentando. Quando o cantor titular cansava, nós nos revezávamos como improvisados cantores. A certa altura, interpretávamos com nossos poucos recursos vocais, uma melodia, quando, alguém que, com certeza queria dormir sossegado, soltou um gigantesco cachorro para nos atacar. Ao depararmos com o bicho furioso, de olhos acesos, resolvemos fugir em alta velocidade para salvar a pele. No trajeto, deixamos cair às garrafas de bebidas que levamos como estimulante. Mas, o pior foi à decepção que tivemos no dia seguinte. Encontramos, no "footing" do jardim da praça, um grupo de mocinhas para as para as quais dedicamos nossos números musicais. Conversando com elas, na esperança de receber elogios, fiquei decepcionado quando uma delas assim se expressou: "Daqui uns vinte anos "talvez" você se torne um bom cantor, nem deu para saber quais as músicas que você cantou".
Depois dessa serenata frustrada, o negócio foi desistir, definitivamente, de fazer outra.
As serenatas percorriam ruas e mais ruas. Vou deixar aqui alguns conceitos meus sobre ruas.

Ruas. Imprescindível não caminharmos diariamente nas nossas ruas. Achei por bem afirmar que as ruas são os lugares onde passam diariamente transeuntes por nossas artérias que são os nossos principais locais por onde caminhamos.

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