domingo, 22 de março de 2015




Um dos meus muitos objetivos desta vida é conhecer o Ceará. Já pude iniciar minhas andanças e, sem dúvida, uma das paisagens mais lindas do Estado é a nossa Bica do Ipu. Muitos colegas dirão que sou bairrista por sempre exaltar essa beleza natural da Ibiapaba e, de fato, não posso negar: valorizo mesmo o que faz meu coração bater mais forte.
Desde sempre a Bica figura nas minhas linhas poucas e traços tortuosos. Todo ano estava presente na primeira redação solicitada pela professora logo no início do mês de agosto. Um tema já explanado por quase todos os alunos das minhas épocas no clima de volta às aulas: o famoso “Minhas Férias”. Essa atividade já era previsível e eu saia em junho buscando as coisas mais legais para escrever em agosto. Lembro que uma vez fiz até um desenho do robusto “véu de noiva” e da serra verdejante. Nunca soube desenhar nada, mas achei que ficou bonito e saí mostrando o caderno para os colegas mais chegados.
Ainda no Ensino Fundamental começaram as leituras dos primeiros clássicos brasileiros. Eu ficava toda orgulhosa quando falavam da “Terra de Iracema” tão festejada por José de Alencar. Lembro que, no primeiro momento, achei estranhíssimo a índia, mesmo forte e dona de um invejável porte atlético, sair do Ipu e chegar linda e maravilhosa em Fortaleza, balançando pra lá e pra cá os seus cabelos longos “mais negros que a asa da graúna”. Ora, eu passava mais de cinco horas no ônibus da empresa “Horizonte” e ainda chegava morta de cansada. Pensei muito: “esse José de Alencar pode até ser um grande escritor, mas não entende muito de geografia”. (Muitos risos) Mas o importante é que sempre lembravam que Ipu era “a cidade das férias da Lívia!”. Sim, mas muito mais que isso: era/é a cidade do coração da Lívia.
Já estamos arrumando as malas, a vida e os sentimentos para a próxima viagem. Será motivo de grande alegria para toda a família: vamos comemorar os 79 anos de vida e saúde de nossa matriarca Tereza Xerez. Certamente, vou aproveitar para fazer minhas caminhadas pela cidade: meio sem destino, sem hora pra voltar, vivendo os lugares e as pessoas e, sempre que possível, dando aquela olhadinha “de rabo de olho” para o rumo da serra. Sem dúvida, vai ser ótimo dizer “Bica, é muito bom te encontrar de novo”.

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