domingo, 22 de março de 2015

Ipu é um Xodó

Tobias Marques Sampaio
Acadêmico Correspondente nº 55 - Rio de Janeiro / RJ
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Estou pisando em terras do Ipu, tento associar tempos passados com o agora, hoje olhando para todos os lados. As referências são a igreja matriz, uma imponente catedral, o lindíssimo patronato e a grandiosa caixa d’água que abastece a cidade e dá nome ao bairro desacreditado nos idos anos sessenta. A bica, sem dúvida, é o maior legado do município, uma obra da mãe natureza, que não economizou nos detalhes.
Era noite quando desci do veículo e dei os primeiros passos em direção à casa que um dia me recebeu na chegada a essa cidade acolhedora há quarenta e sete anos.
Sou de todo modo um estranho, hoje como há décadas, porém a fama de boa acolhida na cidade é a mesma de décadas passadas. Vago pelas ruas largas e mais recente abertas, por praças arborizadas e alguns transeuntes passam, de um lado para o outro, em busca dos seus interesses, indiferentes a minha presença. “Os bons dias” entre eles se seguem e somente um mais atento, de cabeça baixa me cumprimenta. Sinto um alívio e sigo pela Avenida Milton Carvalho, hoje muito movimentada, vou em direção ao centro prestando atenção em tudo. Não são raras as mudanças e se voltar ao ano de 1965 comparo com outra cidade que deixou de existir.
Não sei se estas considerações me alegram ou me entristecem, mas as ocupações inadequadas preocupam e até uma praça mal usada, é claro que chateia, mas não posso evitar o saudosismo que me invade, faltando colocar os dois tempos num quadro e deixar a imaginação percorrer todo esse passado de altos e baixos.
Perguntam-me por que gosto do Ipu, às vezes, acho que a pergunta não cai bem, pois aqui é como ter enterrado meu cordão umbilical e sou atraído, condenado a retornar, anos após anos, sempre com a mesma alegria e entusiasmo. Chego a ficar parado no meio da minha rua, Leonardo Mota, observando o paredão de pedras e adorando a queda do Ipuçaba, às vezes volumosa, às vezes um filete de fios d’água, que parece não chegar ao chão.
Digo que sou contaminado por algo, que me faz ficar bestificado, toda vez que por aqui ando. Isto me faz cada dia mais ipuense sem desvencilhar do amor que sinto pelo meu Guarani, onde um dia fui depositado nos cueiros pelas mãos rústicas de uma parteira rebelde, D. Maria Ferreira. Os sonhos ainda não foram todos realizados nestes sessenta e três anos de vida, porque ao chegar em Ipu o filme volta a abrir nova página, sentindo que a cidade necessita de mais gente, fazendo mais coisa, evoluindo.
É o amor!!!

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