quinta-feira, 19 de março de 2015



Hoje é Dia de São José, o Patrono do Ceará, por isso a data tem um significado especial para os cearenses. No amanhecer deste dia, o sertanejo costuma espichar seu olhar para o horizonte em busca da confirmação de que o dia “está bonito” para chover. Caso a resposta seja negativa, o seu coração se confrange na intuição de que os dias pela frente serão ásperos, e as famílias e os rebanhos dependerão das preces redobradas de seus responsáveis para enfrentar o infortúnio de mais uma seca.
O pai “adotivo” de Jesus, nestes tempos contemporâneos, vê-se engajado também na luta pela justiça social, em disputa com os símbolos profanos do movimento operário e camponês, já que a Igreja Católica Romana foi buscar na figura daquele israelita “justo” o protótipo do trabalhador zeloso e exemplar. Infelizmente, neste ano, nem mesmo uma chuva mais forte, neste dia, seria suficiente para abrandar a agonia dos sertanejos, já esgotados pela série de anos seguidos de lavoura raquítica ou inexistente. O que atenua o quadro é a constatação de que as políticas públicas desta última década pelo menos evitaram, até o momento, as cenas doloridas do passado recente, quando era comum o abandono em massa dos campos pela população sertaneja em demanda de água e alimentos, com cidades e vilas saqueadas. Programas como Bolsa Família e Um Milhão de Cisternas constituem um desses caminhos atenuantes.
Ainda hoje, quem percorre o you tube, na internet, depara-se com gravações datadas do início da década passada, com entrevistas de flagelados de então. Dramas de arrepiar até os mais insensíveis, que retratavam a falta de atenção mínima àquelas pessoas. Apesar de não terem de todo desaparecido, há, hoje, seguramente, uma rede de proteção social e de segurança alimentar que fornece o mínimo para a subsistência: ninguém precisa mais saquear, nem abandonar suas terras. Trata-se de uma conquista importante e é uma obrigação não permitir que retroceda.
Contudo, ainda há um longo caminho pela frente para se alcançar o nível de providências estruturantes à altura de nossos desafios. Para isso economia e políticas sociais devem caminhar juntas para produzir um desenvolvimento que seja a expressão de uma sociedade comprometida com o humano.

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