CRÔNICAS Janeiro de 1999.
A DENÚNCIA DO CAÇADOR
Os
homens do IBAMA chegaram à cidade a fim de investigar uma denúncia. Pararam no
endereço que traziam no bolso e tocaram a campainha. Apareceu uma senhora de
meia idade e um deles falou: - Bom dia, minha senhora. Gostaríamos de falar com
o senhor Duquinha Abraão. - Ele não está em casa, mas de que se trata? -
Trata-se de uma denúncia que ele fez junto ao IBAMA sobre um determinado
caçador de avoante. Nós queremos dele somente o nome do sujeito. - Como ele não
se encontra em casa os senhores voltam mais tarde, está bem assim? - Certo. Nó
vamos agora apurar outros casos na serra da Ibiapaba e voltamos depois. À
noitinha os homens voltaram e
encontraram a mulher bastante aborrecida informando que o marido já
havia chegado e voltado novamente. Um dos homens falou assim: - Minha senhora,
nós só precisamos saber o nome do cara que está caçando as avoantes. Fale com
ele e nós voltaremos mais tarde. Lá para as dez da noite os homens ficaram
impacientes porque a conversa fora a mesma. Prometeram voltar no dia seguinte.
O dia amanheceu cinzento e tudo corria
normalmente na pequenina cidade do interior. Dona Virna andava para lá e para
cá, danada da vida. Neste exato momento chegaram os homens novamente. Lá do portão um falou assim: - E daí, minha
senhora, seu Duquinha já chegou? - Não chegou e nem sei se ele ainda vai
chegar. Ele está de porre e quando isto acontece é de dois dias pra lá. - Mas
minha senhora, nós precisamos nem falar com ele. Só queremos o nome, entendeu?
Precisamos do nome do caçador e pronto. Dona Virna fechou a cara, pediu licença
por alguns instantes e entrou em casa. Depois voltou com algo nas mãos que
assustou o pessoal que estava à sua espera. Bradou em alta voz: - O maior
caçador da região foi o próprio Duquinha. Está aqui a prova: espingarda,
cartucheira e patuá. Podem levar tudo. E por favor passem no boteco da esquina
e levem o sujeito também. Só assim termina esta história de denúncia de
caçador.
Ipu
– Ceará, 28 de janeiro de 1995.
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