segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

APRESENTAÇÃO

         A região de Semiárido Brasileiro, onde vivemos se caracteriza pela expressiva disponibilidade de energia solar, que é responsável pelo processo evaporativo.
Aqui temos informações distintas de aplicação de água ao solo com tecnologias direcionadas á otimização do uso da água, tanto na produção agrícola sob regime de chuvas e estiagens ou sob forma de irrigação tradicional.
         Embora ambas estejam fundamentadas em princípios que regem a aplicação de água ao solo e uso pela plantas, cada uma possui estratégias próprias, estudadas e analisadas com suporte de pesquisas á nível de laboratório e de campo.
         Deve-se esclarecer que em todo o mundo existem preocupações generalizadas sobre o uso excessivo de água relativo às disponibilidades atuais existentes, e fazem parte as perdas provenientes dos desperdícios em seu manuseio. Como exemplo, merece citar que projetos de irrigação em geral, apresentam baixos índices de eficiência na aplicação de água ao solo, onde a água toma duas direções distintas. Uma, pela força da gravidade, alcança as camadas mais profundas do solo e na sua maioria, é consequência das baixas eficiências de irrigação. Nos projetos de irrigação estas perdas são apresentadas por grandezas demais expressivas. O outro componente de perdas é a evaporação da água na superfície do solo. Entretanto, já no processo de evapotranspiração a água é responsável pelo crescimento das plantas e a respectiva produção agrícola, que é processada pela fotossíntese, através da abertura dos estômatos na presença de luz. Dados de pesquisa mostram uma correlação entre a utilização da água no processo de evapotranspiração com a produção vegetal.
         Como apoio aos treinamentos e cursos oferecidos pela FAO/ SUDENE, IICA/OEA em Petrolina- Pe, foi elaborados, através de bibliografia e resultados de pesquisa obtidos localmente, uma obra denominada “ Climatologia Aplicada a Irrigação” (*).
(*) ARAGÃO. O. P. 1974.  75p                                              
Biblioteca(s) Embrapa Semiárido.
         Das bibliografias listadas em anexo, encontram-se duas que, embora envolvam os mesmos princípios que regem o uso de água pela culturas, encontram-se sob diferentes técnicas de aplicação de água ao cultivo.
ÁREA DE SEQUEIRO
         Apresentamos informações técnico-científicas destinadas à otimização do uso dos excessos de água de chuva armazenadas em pequenos barreiro aplicados sob forma de irrigação de “salvação”, proporcionado um incremento na produção de alimentos, para atenuar as condições de subnutrição, que atinge pequenos produtores rurais, em períodos de estiagem, que é consequência da distribuição irregular de chuvas, frequentes nas regiões do Trópico Semiárido.
         Preocupados com a irregularidade das chuvas nas regiões semiáridas do mundo, o Centro de Pesquisas Internacional “Crops Research Institure for de Semiárido Tropics ( ICRISAT)” , em Hyderabad-India, desenvolve estudos em agricultura de sequeiro onde é considerado o máximo aproveitamento integrado dos componentes agro hidrológicos, para obtenção de uma produção estável.
         Pesquisas bibliográficas e inúmeros trabalhos de campo, realizado em pequenos agricultores, pelo CPATSA/EMBRAPA, levaram à apresentar informações e recomendações que podem ser utilizadas, em forma de testes no campo, denominadas ALTERNATIVA PARA ESTABILIZAÇÃO DA AGRICULTURA DE SEQUEIRO (*).

         A metodologia visa o aproveitamento do escoamento superficial dos excessos de água de chuva, armazenada em pequenos barreiros e envolve técnicas agrícolas e hidrológicas, como:
- Reconhecimento da área agrícola, observando o tipo de solo e declividades, destinados a posicionar o sistema de sucos largos e pouco profundos, com camalhões de topo plano. Conforme as informações sobre o solo, a declinidade pode variar entre 0,4 a 0,8%.
- A área agrícola explorada sobre aspecto agro hidrológico envolve práticas culturais sobre um sistema que viabilize a coleta de água provenientes do escoamento superficial (run-off), em 2 a 3 pequenos barreiros com capacidade de armazenamento entre 1.000 a 1.200m3 de água, cada, alocados em pontos estratégicos na própria área cultivada ou provenientes de áreas vizinhas imprestáveis, sem condições para cultivos.
         - Os sucos representam um sistema coletor de água e, também, são usados para aplicação de água em forma de “irrigação de salvação” provenientes dos barreiros. Outros alternativas podem ser adequadas à este sistema, conforme a condição agro hidrológicas da área agrícola em questão.
ÁREA COM IRRIGAÇÃO TRADICIONAL

         Numa área onde há disponibilidade expressiva de água, proveniente de poços, de armazenamento superficial, de rios, ou de outra fonte hídrica, requer estudos de engenharia, do social, e conhecimento sobre o complexo solo-água-planta, e climas. É imprescindível o acompanhamento da evolução da área irrigada através dos anos, com fins de serem feitas quando necessárias, as devidas correções destinadas à conservação e/ou incremento da capacidade produtiva da área agrícola.
         Estudos sociais,, conhecimento da produção/ comercialização, e estudo da economicidade como um todo, integrado, junto com a disponibilidade de recursos, viabilizará ou não sua implantação.
         Todas as condições relatadas devem comungar com informações oriundas de pesquisas bibliográficas de região que apresentem situações análogas, de informações locais de conhecimento da estrutura de apoio, e o principal, que o aspecto social, que poderá direcionar a forma de exploração em pequenos lotes para colonos, ou grande áreas destinadas a agroindústria, ou ambas.
         Ainda, a pesquisa agrícola no campo da área irrigada, deve testar e desenvolver novos cultivares que fiquem disponíveis como opção futura.
         No acompanhamento da evolução do complexo solo-agua-planta e sua interligação com as condições climáticas, deverá definir, para diferentes épocas do ano uma tecnologia mais racional e econômica possível.
         Durante anos dedicados à pesquisa em agricultura irrigada, podem surgir informações uma comprovando técnicas relatadas em fontes bibliográficas e outra detectadas em estudos específicos da área, que podem fugir das informações já existentes.
         Há uma região do Submédio São Francisco uma área de verti solos com aproximadamente 70 mil há. Encontra-se, no momento pequena parte desta área sob irrigação.
         Estes solos são argilosos com propriedades de expansão quando úmidos e significativa contração quando secos, com apresentação de fendas. A penetração de água nestes solos está condicionada ao seu estado hídrico no momento. Quando a superfície encontra-se sob estado de saturação, as partes profundas, praticamente deixam de receber umidade, pois esta está condicionada à expansividade do solo da camada superior.
         Merece salientar que conseguimos detectar através de medições diárias e constantes, as variações de distribuição de umidade em todo perfil do solo, inclusive, observando e fazendo associação com o crescimento das plantas, datas das irrigações, diferentes épocas do ano com chuva, e ou sem chuva.

(*) DOC: Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico Semiárido / EMBRAPA

Pesquisador: Octávio Pessoa Aragão

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