A dor de uma saudade…
Basta um cheiro, uma música, uma lembrança, um filme, uma comida, um
livro, para sentirmos falta de um tempo que não volta, falta de uma pessoa,
falta de uma viagem, falta até do que ainda não conhecemos ou nunca tivemos.
Mas só o “sentir falta” não define a saudade: ela é muito mais complexa, é uma
mistura de sentimentos bons e ruins, como a perda, o amor, a solidão, o
carinho. Difícil! Difícil controlar a saudade. Ás vezes parece que ela não cabe
no coração, e vai ver não cabe mesmo. Aí, a gente chora.
Estes dias vi uma foto minha em Londres e senti na hora a
temperatura gélida da foto. Senti o cheiro da rua, o vento batendo no rosto,
senti meus 16 anos, senti alegria… e ao mesmo tempo, tristeza. Senti saudade!
A saudade sem solução, da ausência eterna, do tempo que não cura, aquela
que temos que aceitar, que temos que entubar goela abaixo, é cruel, é o
sentimento mais duro do mundo. Nos destrói. Já a saudade com solução, aquela
que uma hora ou outra vai passar, é boa, branda, tranquila, até saudável,
necessária em alguns momentos.
Que tenhamos todos mais saudades boas do que ruins. E quando a ruim
insistir em chegar, que tenhamos força e serenidade para encará-la e,
dentro do possível, aceitá-la.
Para finalizar, como diria nosso brasileiro Antônio Gonçalves da Silva,
o Patativa do Assaré: “Há dor que mata a pessoa sem dó nem piedade.
Porém, não há dor que doa, como a dor de uma saudade.”
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