sexta-feira, 26 de dezembro de 2014


Todo ato de fé é uma loucura?
Aqui eu vou comentar a respeito de um homem que deu origem às três maiores vertentes religiosas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, ou seja, praticamente toda a base da atual civilização ocidental, além do Oriente Médio. O seu nome, o Abraão, não Abrão, significa pai de muitas nações. E isso não é pra menos, pois as três citadas religiões neste texto fazem parte do cotidiano da maior parte dos países do mundo. Há algumas correntes céticas que até questionam a existência do tal Abraão, mas não é isso que pretendo discutir neste texto, quero simplesmente falar do Abraão, dos seus sucessivos atos de fé, e como isso praticamente mudou o mundo. Não venho falar apenas no contexto religioso, mas no contexto histórico e científico.

Parecia ser errôneo falar que não existia religião antes de Abraão. Sim, existia religião. Na verdade, religião existia desde que o homem começou a procurar razões sobre tudo que ocorre ao seu redor, ou seja, por que que o sol nasce, por que as plantas e os animais nascem, crescem e morrem, o que seriam as tempestades. Antes, o mesmo homem apenas vivia da caça e viviam em cavernas. Foi em um certo tempo que o ser humano passou a observar as coisas e tirar as conclusões. E daí que se surgiu o conceito de Deus. Mas naquela época, normalmente não existia um único Deus, como normalmente existe nas religiões abraâmicas, mas existiam vários deuses, o que chamamos de politeísmo. Um para o sol, um para a colheita, um para os metais, um para a água, um para o fogo e assim por diante. 

E assim era a religião predominante na cidade-estado da Mesopotâmia, em que o Abraão vivia, provavelmente as cidade de Ur, dos caldeus. Segundo a Bíblia, Abraão é da nona geração de Sem, um dos filhos de Noé, que sobreviveu ao dilúvio. Então vamos nós: Abraão, digo, Abrão, que era acostumado a idolatrar e venerar muitos deuses, tinha uma vida tranquila e normal, até que num certo dia, ele ouve uma voz que diz: "Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar. Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos. Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti." (Gênesis 12, 1-3). E o Abraão, sem questionar, ele pegou toda a sua família, e junto com ele, partiu para a terra prometida.

E Abraão, junto com toda a sua família, segue praticamente sem rumo, rumo a um local desconhecido, que ninguém imaginava como seria esse tal lugar, nem ideia de onde que seja, enfrentando todo o tipo de perigo no meio do deserto. Até que num certo dia, Abraão finalmente parou em um certo lugar e disse "é aqui", ou talvez essa mesma voz, que supostamente é de Deus, disse que este é o lugar da famosa e tão esperada Terra Prometida que o mesmo Deus, representado por esta voz misteriosa. Até aí, tudo bem, mas tem um pequeno detalhe: aquela terra prometida que Deus, ou seja, a voz misteriosa disse a Abraão, tem dono, ou seja, habitada pelos cananeus. A Bíblia não mostra isso claramente, pois é impossível que aquelas terras férteis fossem inabitadas, principalmente por estarem próximas à grande potência mundial daquela época: Egito. E falando em Egito, houve uma fome e miséria na grande Terra Prometida, escolhida por Deus, de onde eles foram para o Egito. Alguns religiosos podem afirmar que seriam uma provação, pois seria muito curioso o Abraão sair de sua terra com toda a sua família, para poder passar a fome, o que não seria bom.

Dali, em Egito, o faraó se apaixona pela esposa do Abraão, a Saraí e a toma como esposa. Mas o curioso é que isso é a garantia de que o Abraão não seja morto, por conta da grande beleza da Sara, afirmando a todos que é sua irmã, não esposa. Sendo assim, Sara foi ao palácio do faraó e favoreceu o Abraão. Ao desposar-se do faraó, Deus castigou o faraó, causando enfermidades extremas, deixando muito doente. Desesperado, o faraó mandou que o Abraão deixasse o Egito, levando consigo, todos os bens. O livro dos Jubileus afirma que seria mais uma prova de Deus a Abraão, apesar que a Bíblia não diz nada a respeito. Parece que as loucuras de fé de Abraão passaram a trazer bons resultado, pois o mesmo Abraão estava sujeito a todo o tipo de riscos, até mesmo de morrer. Retornado a Canaã, o povo se prosperou, e com o passar o tempo, houve uma grande desavença entre Abraão e Lot, e os dois se separaram.

O tempo foi passando e Deus faz uma aliança eterna com Abraão, confirmando mais uma vez que sua descendência seja mais numerosa que as estrelas do céu, e logo em seguida, veio os atos de Melquisedeque, confirmando a aliança de Abraão. Depois ele passou a ter um filho com Ismael, com uma escrava, oferecida pela Sara. Depois vieram acontecimentos, como a famosa destruição de Sodoma e Gomorra e a instituição da circuncisão. Finalmente, com pouco mais de 100 anos de idade, Abraão se torna pai de Isaac (Isaque), de Sara que era uma mulher estéril. No último, como última prova de fé, Abraão esteve disposto a sacrificar seu próprio filho, mas este sacrifício foi interrompido pelo próprio Deus, que o abençoou.

Todos estes acontecimentos mostra uma grande relação de fé e loucura. Analisando bem, uma pessoa normal, acharia que Abraão é um homem louco. Como um homem, já idoso (ele tinha 75 anos de idade naquele momento), decide sem mais nem menos pegar toda a sua família, inclusive as crianças, tudo o que tem, para um lugar desconhecido, só porque ele ouviu uma voz, e passando por todo o tipo de riscos, inclusive passando fome em um lugar desconhecido? É daí que poderemos entender que há uma linha muito tênue entre a fé e a loucura. Se o Abraão vivesse nos dias de hoje, haveria muita gente, inclusive as autoridades, querendo internar em uma clínica psiquiátrica. Aos olhos da sociedade de hoje, se o Abraão não tivesse aquele todo misticismo religioso, explicitado pelos livros sagrados e pelas próprias religiões, ele seria constantemente chamado de louco.

A fé de Abraão é uma questão muita das vezes controversa para os céticos, justamente por atos de loucura, o que muitos a chama de fé. Mas falo em fé em ouvir a voz suprema, que faz a pessoa cometer loucuras, sendo confiante de que tudo dará certo. Eu digo que a história de Abraão é uma forma de dizer que com Deus, tudo dará certo, pois ele é sempre conosco. Mas lembremos que muitas pessoas, ao longo da história, tentaram repetir os feitos de Abraão, e enfim não foram bem sucedidos. Há que chegam a ser lendárias estas histórias. Mas se compreendemos bem, e termos a famosa fé de Abraão, a ponto de sermos chamados de loucos pelo mundo, chegaremos as felicidade que tanto desejamos, pois são os loucos que conseguem ser felizes e mudar o mundo, não podendo nos prender às regras do nosso cotidiano, pois se ele existiu ou não, eu falo que foi muito importante para a história da humanidade, pois deixou um legado que posso dizer que é inquestionável

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