sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Última flor do Lácio, inculta e bela, textos e comentário de J B Pereira e outros autores

LÍNGUA PORTUGUESA, DIGO, PODER-SE-IA DENOMINAR TAMBÉM LÍNGUA BRASILEIRA COMO NEOLATINA - tão híbrida e vivamente rica de empréstimos variadamente linguísticos na América do Sul.

O gênio do Olavo Bilac fez um soneto magistral e de excelência inimitável ao ponto de nos deixar extasiados e surpresos pela criatividade e habilidade sintético-gramatical cujos recursos indicam a beleza e rusticidade que convergem à origem e produtividade de cultura e da  língua portuguesa.

 COMENTÁRIO DE J B PEREIRA em 11/09/12.
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Significado de Flor do Lácio
O que é Flor do Lácio:

http://www.significados.com.br/flor-do-lacio/
 
Flor do Lácio é uma expressão usada para designar a Língua Portuguesa.

No soneto “Língua Portuguesa”, o poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) escreve no primeiro verso “Última flor do Lácio, inculta e bela”, se referindo ao idioma Português como a última língua derivada do Latim Vulgar falado no Lácio, uma região italiana.

As línguas latinas (também chamadas de românicas ou neolatinas) são aquelas que derivaram do Latim, sendo as mais faladas: Francês, Espanhol, Italiano e Português.

O termo "inculta" se refere ao Latim Vulgar falado por soldados, camponeses e camadas populares. Era diferente do Latim Clássico, empregado pelas classes superiores. Para Olavo Bilac, a Língua Portuguesa continuava a ser bela, mesmo sendo originada de uma linguagem popular.

Soneto "Língua Portuguesa" de Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

FONTE: LÍNGUA PORTUGUÊSA, de Olavo BILAC in Flor do Lácio, de Cleófano Lopes de OLIVEIRA. 4 ed. São Paulo: Edição Saraiva, 1958.
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Análise do poema “Língua Portuguesa”

http://www.infoescola.com/literatura/analise-do-poema-lingua-portuguesa/

Por Paula Perin dos Santos
No poema Língua Portuguesa, o autor parnasiano Olavo Bilac faz uma abordagem sobre o histórico da língua portuguesa, tema já tratado por Camões. Este poema inspirou outras abordagens, como o poema “Língua”, de Gilberto Mendonça e “Língua Portuguesa”, de Caetano Veloso.
Esta história é contada em catorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos – um soneto – seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.

Partindo para uma análise semântica do texto literário, observa-se que o poeta, com a metáfora “Última flor do Lácio, inculta e bela”, refere-se ao fato de que a língua portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados da região italiana do Lácio.

No segundo verso, há um paradoxo: “És a um tempo, esplendor e sepultura”. “Esplendor”, porque uma nova língua estava ascendendo, dando continuidade ao latim. “Sepultura” porque, a partir do momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo, o latim vai caindo em desuso, “morrendo”.

No terceiro e quarto verso, “Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela”, o poeta exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação às outras também formadas a partir do latim.

O poeta enfatiza a beleza da língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de ninar, emoções, orações e louvores: “Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto clangor, lira singela”. Ao fazer uso da expressão “O teu aroma/ de virgens cegas e oceano largo”, o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo, recém-criado, e o “cheiro agradável das virgens selvas”, caracterizando as florestas brasileiras ainda não exploradas pelo homem branco. Ele manifesta a maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil – através do oceano, numa longa viagem de caravela – quando encerra o segundo verso do terceto.

Ainda expressando o seu amor pelo idioma, agora através de um vocativo, “Amo-te, ó rude e doloroso idioma”, Olavo Bilac alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser moldado e, impor essa língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou em destruir a cultura de outros povos.

No último terceto, para finalizar, quando o autor diz: “Em que da voz materna ouvi: “meu filho!/ E em que Camões chorou, no exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem brilho”, ele utiliza uma expressão fora da norma (“meu filho”) e refere-se a Camões, quem consolidou a língua portuguesa no seu célebre livro “Os Lusíadas”, uma epopéia que conta os feitos grandiosos dos portugueses durante as “grandes navegações”, produzida quando esteve exilado, aos 17 anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Desce exílio, nasceu “Os Lusíadas”, uma das oitavas epopéias do mundo.

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QUINTA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2007

A última flor do Lácio...

http://fernandomelis.blogspot.com.br/2007/09/ltima-flor-do-lcio.html


"Última flor do Lácio, inculta e bela" é o verso de abertura de um soneto de Olavo Bilac. Essa expressão costuma designar o nosso idioma, posto que a língua portuguesa é a última das filhas do latim - o termo "inculta" fica por conta de todos que a maltratam (falando e escrevendo errado).
Depois do inglês de do espanhol, o português é a língua ocidental mais falada, e a inexistência de uma uniformidade ortográfica complica a divulgação do idioma e sua prática em eventos internacionais, razão pela qual Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste adotarão uma única forma de escrever. Calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal venha a ser modificado, enquanto que no Brasil a mudança será menor (0,45%), mas serão mantidas as pronúncias típicas de cada país.
Assim que as novas regras forem incorporadas ao nosso idioma, dar-se-á início ao período de transição no qual ministérios da educação, associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos poderão, gradativamente, reimprimir livros, dicionários, etc. Por conta disso, os portugueses deixarão de escrever "húmido" para escrever "úmido", por exemplo, e suprimirão o "c" e o "p" das palavras onde eles não são pronunciados, como em "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".
Já para os brasileiros, o "novo" alfabeto terá 26 letras - com a incorporação do "k", do "w" e do "y" -; as paroxítonas terminadas em "o" duplo perderão o acento circunflexo (como em "abençoo", "enjoo" e "voo", por exemplo) e também deixaremos de acentuar as terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, tornando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".
Além disso, o trema irá desaparecer (em termos como "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio") e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição). Por outro lado, serão criados alguns casos de dupla grafia para diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".
Joseboscolpp@bol.com.br e Cleófano Lopes de OLIVEIRA.

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