P R E S O S E S P E R T I N H O
Prisioneiros em regime semi-aberto na Holanda descobriram um
jeito de passar mais tempo fora da cadeia, estão pagando sósias para
cumprirem a pena em seus lugares.
Essa notícia foi publicada na “Folha de São Paulo” em 24/12/04. Fomos convidados á escrever sobre o fato.
Aí, eu pensei! Prisioneiros, apenados, detidos, aprisionados, encarcerados; deve ser muito triste!
O indivíduo desde o momento em que é preso, só pensa na liberdade perdida, só pensa em sair daquela situação.
Também me lembrei que; prisão, cadeia, xilindró, xadrez, masmorra; são coisas novas. Antigamente não havia nada disso.
O modo de castigar aos que erravam eram outros. Todos os castigos eram
físicos. E eram aplicados de acordo com o delito, que iam desde um
desvio de conduta, uma culpa, um pecado ou um crime.
As penas iam de
uma bofetada em público ou algumas, até dezenas ou centenas de
chibatadas sempre em público, até a pena capital, (a morte) que podia
ser: apedrejado, enforcado, afogado, queimado, lançado ás feras ou
crucificado.
“Dente por dente, olho por olho,” era a lei. Essa cultura perdurou quase até nossos dias.
Os castigos físicos nas escolas, assim como pais baterem nos filhos são
reminiscências daquela cultura que não está tão morta como desejamos, e
nem tãodistante.
Porém, com o correr dos tempos viram eles que,
para serem justos os apenados deveriam ser julgados. E assim sendo, eles
precisava ficar detida até sair á sentença.
E foi aí que as
autoridades perceberam que, o tempo que a eles era cerceado o direito de
ir e vir esperando o julgamento, era um castigo maior que a própria
pena. Começava assim ás prisões como castigos.
Esses sentenciados da
Holanda, que arrumavam sósias para ficarem em seus lugares em troca de
pagamento, só vêm provar que: só fica preso quem não tem dinheiro.
Também, a falta de rigor das autoridades carcerárias ao checarem os
documentos dos regressos á cadeia, me faz lembrar uma lenda que diz: “Um
cinéfilo, vivia numa cidade e todos os dias ia ao cinema; sempre
vestido com elegância e ao chegar á portaria, sério, olhava o porteiro e
dizia: Imprensa! E entrava. No outro dia ele estava lá, Imprensa! E
entrava.
Um dia o porteiro estava de pá virada e pagou para ver.
Quando ele disse Imprensa! Cadê suas credencias disse o porteiro. Que
credenciais? Prove que é da Imprensa. “Eu nunca disse que era da
Imprensa, simplismente eu dizia: emprença, você nunca me emprençou, me
dei bem.” A culpa não era do cinéfilo, mas, sim do porteiro. A como
também na Holanda, a culpa não era dos presos e sim das autoridades.
Do livro: “Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica” de Amadeu Lucinda. ©
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