GRÊMIO IPUENSE E O
RÁDIO
O Grêmio Ipuense ainda não tinha sede
própria. Funcionava em casa alugada, no caso a antiga residência do Cel. José
Lourenço, na praça da antiga Matriz de São Sebastião. Era a época em que
começaram a aparecer os primeiros rádios a corrente elétrica.
Na Segunda Guerra Mundial, que atraiu as
atenções de todos os habitantes do globo terrestre, o Grêmio Ipuense comprou um
rádio que, não exagerando, tinha aproximadamente um metro de altura. Era uma
miniatura do caixão onde os sertanejos de outrora armazenavam farinha de
mandioca. Montado sobre uma banca necessitava de um operador. Para tão difícil
tarefa, o presidente do Grêmio escolheu um associado de alta competência e que
fizesse um estágio antes. Foi ele Edgard Correia, meu compadre, de saudosa
memória.
O salão não era pequeno. A multidão,
impaciente, aguardava a chegada daquele homem gordo, especializado em “abertura
de rádio”. Outro qualquer não ousava mexer nos botões do “bichão” para fazê-lo
funcionar, embora houvesse muita gente interessada em aprender. Mas outros,
querendo a vitória dos aliados, interessavam-se por geografia e pelo manuseio
de cartas geográficas.
Terminado o noticiário, seguiam-se os
comentários com as mais diversas opiniões. Todos eram “entendidos”, a seu modo.
Gonçalo Soares Sobrinho, bom amigo, boa praça, estabelecido no mercado da
cidade, pela manhã ia para o estabelecimento conduzindo mapa e calmante. Ali
analisava o desenrolar da luta, fazendo comentários a seus poucos, mas atentos
ouvintes.
O rádio
comprado pelo Grêmio Ipuense teve sua estréia num domingo, às sete e meia da
noite, dia 26 de janeiro de 1926, que foi solenemente festejada na cidade. O
aparelho foi instalado no prédio onde funcionou a antiga fábrica de
beneficiamento de algodão, de Abdoral Timbó, na esquina com a praça, próximo da
Igreja de São Sebastião.
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