CURUPAITI.
A Batalha do Curupaiti foi travada
entre as forças aliadas e paraguaias durante a Guerra da
Tríplice Aliança em 22 de setembro de 1866.1
História
Animado pela
queda do Forte de Curuzú, o 2º Corpo do Exército brasileiro, sob o comando
do general Guilherme
Xavier de Sousa,
voltou-se para o o
entrincheiramento de Curupaiti que, como o primeiro, também se constituía
numa defesa avançada da Fortaleza
de Humaitá.
Durante os
combates por Curuzú e negociações diplomáticas posteriores, Curupaiti teve as
suas defesas reforçadas com um entrincheiramento de cerca
de dois quilômetros de extensão, complementado por um fosso de dois metros de profundidade por quatro de
largura. A terra retirada do fosso foi apiloada emparapeitos defensivos
de dois metros de altura, atrás dos quais se distribuíam noventa canhões, cobrindo o lado do rio e o lado de terra, bem
como cinco mil soldados paraguaios.
Essa defesa
sustentou e rechaçou com sucesso, em 22 de setembro de 1866, o ataque combinado
da esquadra comandada pelo vice-almirante Joaquim
Marques Lisboa e
da infantaria do 2º Corpo do Exército brasileiro, reforçada
com tropas argentinas. O bombardeio da artilharia da Esquadra Imperial mostrou-se
incapazes para neutralizar a do entrincheiramento, protegida vários metros
acima das margens do rio, enquanto que a infantaria se viu retardada pelo terreno alagado pelas
fortes chuvas da estação, onde se ocultavam abatizes, o que
a tornou presa fácil do fogo da artilharia inimiga, resultando na perda de
quase quatro mil atacantes aliados contra 250 defensores paraguaios.
Esse desastre
aliado em Curupaiti, imobilizou a campanha, e teve importantes
repercussões sobre os seus rumos. O general Venancio Flores retirou-se
paraMontevidéu após
a derrota, e as forças argentinas passam a ter uma participação menor. A partir
de Curupaiti, coube, sobretudo, ao Império do
Brasil continuar
a luta do lado aliado, com pequena participação argentina e apenas simbólica de
forças Uruguaias. A derrota também causou repercussões na opinião
públicabrasileira,
o que levou à nomeação do marechal-de-campo Luís Alves
de Lima e Silva (1803-1880),
então Marquês de Caxias, como comandante-em-chefe doExército Brasileiro no Paraguai (10 de
outubro de 1866).
Caxias adotou
uma estratégia de cerco, isolando o entrincheiramento. Isso levou à sua
evacuação pelos paraguaios e permitiu aos aliados ocupar a posição. Após dois
anos impedindo o progresso das forças aliadas, estas, finalmente, entraram no
entrincheiramento no dia 23 de março de 1868.
Referências
1. Ir para cima↑ Muñoz, Javier Romero. (setembro/outubro
2011). "The Guerra Grande: The War of the Triple Alliance,
1865-1870" (em inglês). Strategy
& Tactics (270): 6-18. Bakersfield:
Decision Games. ISSN 1040-866X.
O Forte
de Curupati localizava-se na margem esquerda do rio Paraguai, a cerca de cinco
quilômetros ao Sul da Fortaleza de Humaitá, no Paraguai.
História
A primitiva fortificação do passo de Curupaiti
iniciou-se em 1779, quando a cidade de Corrientes ocupou a
região. Posteriormente, em 1810, no contexto das lutas pela independência, foi mandado
guarnecer pelo Governador realista do Paraguai, Bernardo de Velasco.
No contexto da Guerra da Tríplice Aliança, da mesma forma que o Forte de Curuzú, constituía-se
numa defesa avançada da Fortaleza de Humaitá. Este complexo defensivo paraguaio controlava o acesso
por via fluvial à capital, Assunção. Após a queda de
Curuzú, Curupaiti tornou-se
o próximo alvo das forças aliadas.
Enquanto ocorriam os combates pelo Forte de Curuzú, e posteriores
negociações diplomáticas, o Forte
de Curupaiti teve as suas defesas reforçadas, inclusive com
um entrincheiramento de cerca de dois quilômetros de extensão, complementado por
um fosso de quatro metros de largura por dois de
profundidade. A terra retirada do fosso foi apiloada em parapeitos defensivos de
dois metros de altura, atrás dos quais se distribuíam noventa canhões, cobrindo o lado
do rio e o lado de terra, bem como cinco mil soldados paraguaios.
Essa defesa mostrou-se eficiente para rechaçar o
ataque combinado fluvial e terrestre, desferido pela esquadra do
vice-almirante Joaquim Marques Lisboa e pelo 2º Corpo do Exército brasileiro.
No desenvolvimento do conflito, o forte foi
desocupado pelas forças paraguaias em 23 de Março de 1868.
A construção das trincheiras da Curupaiti,
considerada na historiografia paraguaia a
maior vitória das armas do Paraguai em sua história, foi atribuída a diversos
autores. Alguns deles atribuem-nas ao coronel inglês
George, outros ao coronel polonês Luís,
outros ainda sustentam que, a 6 de setembro de 1866, o marechal Francisco Solano López ordenou o coronel húngaro Francisco Wisner Morgenstern que desenhasse no terreno o risco das novas obras de fortificação
projetadas para conter em Curupaiti o avanço inimigo que considerava iminente.
A mesma fonte, apoiada por outros historiadores, indica que dois dias depois, e
sobre os planos desenhados por Morgenstern, o marechal convocou os comandantes
mais importantes do seu exército para avaliar os mesmos. Nesta reunião, todos
aprovaram os planos da trincheira, exceto o general Díaz. Este, quando
questionado sobre as suas reservas sobre o assunto, afirmou, em guarani:
"Oì porane la cuatiá ari pero pecha ña
mbopuharo la trinchera no ro jocoichene los cambape." ("Estará
bem no papel, mas se levantarmos assim a trincheira, não determos os
pretos").1
O marechal López acreditou em seu general e
autorizou-o a seguir a sua inspiração e a construir as tricheiras a seu
critério.
Na realidade, os trabalhos de abertura das
trincheiras haviam se iniciado a 3 de setembro, imediatamente
após a culminância da batalha de Curuzu, após a retirada diante das tropas brasileiras. Os fossos de campanha
então abertos haviam sido os apenas indispensáveis à cobertura elementar que a
posição exigia. Já de volta a Curupaiti, na mesma noite (8 de setembro), Díaz deu início
à tarefa, iniciando desde a mata, o mais rápido que permitia a derrubada das
árvores nella existentes. Desse modo, trabalhando em turnos, 5.000 homens foram
encarregados do corte de árvores e das escavações, de abrir túneis e preparar
valas e abatizes. Os soldados trabalhavam dois a dois, uns com pás, outros com picaretas. O trabalho
extenuante, com os soldados presos em pântanos e juncais, com água e lama até à
cintura, era alternado com a fiscalização das linhas avançadas, na antecipação
de um eventual ataque.
O fosso principal, o primeiro a ser concluído,
apresentava dois metros de profundidade por quatro de largura. Com a terra dele
retirada foi construído pela sua parte de trás uma plataforma para a artilharia. Na borda exterior
do fosso, ergueu-se uma grossa barreira de abatises (estacas afiadas),
empregando-se as árvores recém-cortadas. Nos fossos que as continham, os
grossos troncos foram seguros com estacas. As folhagens dessas árvores,
geralmente folhas espinhosas, mal saíam das covas, dissimulando a sua
profundidade e as estacas afiadas que se ocultavam no interior. Outras
escavações foram abertas nas linhas avançadas e também dissimuladas. Com as
fortes chuvas que se seguiram, esses obstáculos ficariam ocultos sob as águas,
transformando-se em armadilhas mortais.
No interior das linhas de defesa e para proteger os
atiradores dos tiros inimigos, o general Díaz fez erguer outro fosso, no qual
os soldados paraguaios tinham as melhores comodidades para efetuar os disparos
com a menor visibilidade para o fogo inimigo. Foram também construídas duas
pontes levadiças, assim como passadiços e depósitos de munições subterrâneos.
Toda a frente de trincheiras apresentava uma
extensão total de mais de 2 quilómetros, estendendo-se
desde as margens do rio Paraguai à laguna
Méndez. Enquanto isso, o ataque dos Aliados demorava. Na realidade, o ataque
agendado para o dia 17 de setembro foi suspenso
devido às fortes chuvas, que duraram até 20 de Setembro. Foi decidido que
o ataque seria a 22 de setembro, uma vez que o
solo estava completamente alagado.
Nenhuma destas dificuldades fez com que os homens
de Díaz abandonassem a tarefa. Aproveitaram a demora para aprofundar e
aperfeiçoar as trincheiras. A 21 de setembro, antes do meio-dia,
Díaz transferiu-se para o quartel-general de Paso Puku para informar a López
que as trincheiras estavan prontas. O marechal comissionou o coronel Thompson
para que fosse verificar o estado das obras. Cumprida a ordem, o militar inglés
atestou que a posição era fortíssima. Desse modo, o marechal López discutiu com
Díaz os últimos detalhes da defensa e as estratégias a adotar no dia seguinte.
Ao despedir-se, o general assegurou ao marechal que "si todo el
ejército aliado atacase, todo el ejército aliado quedaría sepultado al pie de
las trincheras". Díaz retornou a Curupaiti, para junto das suas
tropas, onde passou a noite, em prontidão. Enquanto isso, em Curuzu, a 3
quilómetros ao sul de Curupaiti, 20.000 homens do exército aliado
encontravam-se reunidos, aguardando o momento do ataque.
Notas
1.
Ir para cima↑ À época, os
paraguaios designavam depreciativamente os soldados brasileiros de
"pretos". Contribuía para isso, além de repudiarem o escravismo ainda
existente no Império do Brasil, a elevada percentagem de afrodescendentes entre
as fileiras brasileiras.
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