domingo, 28 de setembro de 2014


OS ANIMADOS BAILES DO REGATAS
Amigos,
Acordei hoje às três da madrugada com um pensamento – retalho, certamente, de um sonho – os animados bailes do Clube Regatas na Barra do Ceará.
Os anos eram os setentas. Morava eu na Vila Diogo, um quarteirão encravado no quadrilátero da Duque de Caxias, Pedro I, a neta deste, Princesa Isabel e sua nora, Tereza Cristina.
Por essa época do ano, espocavam os bailes de formatura. Os mais aburguesados eram realizados no Náutico, Ideal e Líbano. Os mais populares, e os meus preferidos, passavam-se no Clube de Regatas Barra do Ceará.
Os convites arranjavam-se sabe-se lá como... Muitas vezes não se conhecia nem o formando, o dono da festa.
Alugava-se um paletó surrado, passava-se uma demão de graxa nos velhos sapatos pretos, porque a mamãe já dava conta de engomar “com grude” a única camisa branca de mangas exageradamente compridas. Nos seus punhos tinham três botões pequenos que ainda hoje não sei de sua serventia, pois somente um me bastava...
O relógio marcando oito da noite, rumava eu para a bodega do Seu Chico e me abastecia de um tablete de dropes e umas duas caixas de chicletes Adams, para refrescar a boca ...e o coração. Antes de pagar a conta tomava uma talagada de Bagageira para “esquentar” e dar coragem, porque a viagem era longa e a emoção maior ainda...
Do Seu Chico para a Guilherme Rocha era um pulo só... Era lá que eu pegava o ônibus da Empresa São Vicente de Paulo, que fazia o trajeto da José de Alencar a Barra do Ceará.
O ônibus era verde e branco por fora e estava branco e preto por dentro. Eram as cores da empresa contrastando com os vestidos brancos das moças e os negros ternos dos rapazes. Naqueles tempos os bons costumes ainda não estavam a arquejar, por isso, as damas iam sentadas e os cavalheiros em pé... e tome Praça do Liceu... e tome Francisco Sá...
Quanto mais se aproximava o ponto de chegada, mais o meu coração pulsava de emoção, ensaiando talvez o bailado de uma valsa ao som do Ivanildo e seu conjunto. Solavancos à parte, chega o ônibus ao Regatas. Dou uma ligeira mexida no bolso para corrigir se o convite está “em paz”, pois, nessa ocasião, ele é mais importante do que mesmo a minha RG e uns parcos trocados.
Pronto! O último obstáculo é vencido! Estou no Regatas! Daqui pra frente sou movido pela emoção e pela vontade de tirar uma moça para dançar nos amplos e bonitos salões daquele clube à margem do Ceará. A missão foi cumprida! O paletó amassado. O meu corpo suado e o coração tonto de emoção, agradecidos, voltam à parada do ônibus que fará a vida tomar a sua estonteante rotina.
Abraço fraterno,
João Tomaz (Tontim)
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