segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Francisco das Chagas Paz. 
Esta, minha terra.
E tudo isto é meu.
E bem poderia ser de muitos se como eu sentisse reinar de si este prazer. Prazer de ter vivido numa terra somente. Não sei o porquê disso.
Para mais de oito decênios.
Quantos se comportaram se contiveram acomodados em seu torrão quando as facilidades já sejam encontradas a porta?
Mas, é que eu fiquei para filmar as cousas da minha terra, terra sempre amada.
E aqui está o resultado. Tudo cousa de minha terra, do círculo de conhecimentos presenciado por mim. Cousas que eu vi, cousas que conheci, assisti, estive com elas. E todas fazem jus ao pesquisador, ao apreciar e porque não dizer, ao admirador.
Este pedacinho do Ceará, esta santa terrinha, Ipu, onde até Alencar encontrou campo aberto ao seu romance. Eu venho trazer um escrito, um canto que não a perfeição mas a vontade expressa da pessoa que se vale da expressão tão conhecida: “Mais faz quem quer do que quem pode”. Não temo críticas, estas para mim não existem. Se encontrarem defeitos na composição poética, não é de estanhar; não será esta a primeira vez nem tão pouco a última.
Não estou a procura de aplausos, cumpro o dever patriótico de cantar os passarinhos, as palmeiras,, as flores, os campos, as cascatas, como cousas alegres e também as saudades do passado nas suas diferentes modalidades.
Um mergulho no passado, uma admiração do presente; outra cousa mais encontrará o que me ler. O que me anima é remoer assim é o que foi de minha infância e parte de minha adolescência. Tudo meu? Tudo, sim. Minha a terra, minhas as observações, anotações e retenção de pensamento.
Há algumas cousas vistas por outros, mas registrados por ninguém. Passaram despercebidas e foram engolidas pela voragem do tempo. E jamais serão saídas as luzes, ao conhecimento dos novos que embebidos no alvoroço reinante do século não se dedicam a registrar o de hoje para dele falar no futuro.
Tudo do hoje é o já era do passado, mas o conhecer nos aguça a curiosidade de saber o que fomos no passado. Não éramos da indolência, mas nunca dos dias presentes ávidos de estragos de inteligências que cultivadas fariam glórias  e nomes apreciáveis a história de uma geração.
É bem verdade que no passado quando uma pequenez de habitantes  e mais pequenez ainda de gente de cultura apareceram e se destacaram com galhardia poetas e jornalistas, o que hoje quando tudo evoluiu está quase extinta a classe que se constituiu sempre o valor de apresentação de uma terra. Daquele passado valor; e dos nossos tempos indiferença e desprezo a literatura..
Nunca desanimemos. Tem muita gente moça, muitos estabelecimentos de educação dentro da própria terra e podem surgir vontades e dedicação para escritores.
A eles, aos moços dedico, incito a abraçarem a causa do amor aterra querida, Ipu.

RELICÁRIO

Vai ali, vê, contempla e entra a Meditar.
Indagas porque a solidão, a calma, a tranquilidade da velha praça.
Mas, não era assim, era a arena, a quadra do ânimo, a preferida de todos.
Era tudo de que falo aqui.
Assim o relicário, relicário santo como deva ser chamado. Foi no passado com a presença visual, é no presente com a lembrança dos que viram.
Suas festas, seus pregadores falaram como suas aves cantaram na copa frondosa de altas árvores que lhe ornavam.
Alegrias do passado, saudades do presente.

Que beleza, que amor.
Tem ali naquela praça,
Como ali tem tanta graça
Que noutra parte não tem
Nem que mereça louvor.

Olhai a velha Igreja
Tanto tempo foi Matriz,
Quem conheça isso diz
De seu brilho, sua glória.
Que coisa melhor não seja.

É  um relicário santo
Que deve ser venerado
Pelo que foi celebrado
Com votos de devoção,
Com fervor, com fervor santo.

Como aquele patamar
Com tanta gente se achava
A Velha Banda tocando
A todo mundo alegrar.

A Festa do Padroeiro
Mártir São Sebastião
Com a mais forte animação
Um novenário completo
Até vinte Janeiro.

No dia dez começava
Com o levantar da Bandeira,
Era uma alegria inteira,
Foguete, bomba e pistola
Pelo ar tonitruava.

Desde a primeira novena
Com cânticos e Ladainha
A Velha Dona Rosinha
Com o povo respondia,
Era comovente a cena.

De prendas grande leilão
Com duas mesas lotadas
Tudo bem apreciado
Pelo povo curioso
Fazendo arrematação.

Eis o vinte de Janeiro
O grande dia esperado
Tudo de mais animado,
Gente da Serra e Sertão
Fazia grande assuleiro.

Era a Missa celebrada
A Igreja não comportava
E o povo se colocava
Que outro meio não tinha
No Patamar, nas calçadas.

A tarde era a Procissão
Pelas ruas da cidade,
Ali iam as Irmandades
O povo formando alas
Com inteira devoção.

No final da Procissão
Os fogos que se queimavam
A todos admiravam;
O mais importante era
O painel São Sebastião.

Da Igrejinha e da Festa
Deixemos elucidado,
Falta ser noticiado
Mais festejos da Pracinha
Agora é só o que resta.

Qualquer coisa que viesse
Aqui pra nossa cidade,
Fosse qualquer a novidade
Vinha direto a pracinha
Houvesse lá o que houvesse.

Circo ou outra diversão
Carrossel ou cavalinhos
Achava sempre o pontinho
E depressa se instalava
Neste lugar de atração.

Foi esta velha pracinha
O lugar mais frequentado,
Hoje lá não vai nada,
O tempo já levou tudo
Quanto animado ali tinha.

Ao lado da Igrejinha
Tinha uma árvore altaneira
Uma grande Mungubeiras
Que grande sombra fazia
Refrescando aos que ali vinham.

Em frente alguma distância
Havia um Tamarineiro
Onde um pássaro alvissareiro
Cantava ao romper da aurora
Com pachorrenta constância.

É o velho tamarineiro
O antigo que tudo viu,
Foi ele que assistiu
Pagar de tantas promessas
De agradecidos romeiros.

A Igrejinha foi fonte
De verdadeira missão,
Como seja a pregação
Que Frei David  nela fez,
Quem assistiu melhor conte.

Lugar de veneração
É a casa da saudade
Portanto felicidade
Quem ouvir a sua história
Há de sentir emoção.




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