quinta-feira, 11 de setembro de 2014

ENGENHOS

Coisa da minha infância.
Escravidão de humildes bois, mas riquezas de um povo, alegrias de tantas criaturas.
Eram os engenhos. Engenho produtores de animação, festa de todos.
Mas, se foram os engenhos com o tempo. Nenhum mais na cidade.
E os baixios de cana? Nada mais que transformados em capinais, em forragem para criação.
A causa? Quem sabe? Impostos, imposições fizeram gerar o desânimo e a morte desta coisinha tão da grandeza da cidade enterrou-os. Desterrou-os; estão muito ao longe.
Mas, eu apelo para o futuro, os homens não se acabaram todos, e um dia haverá de calhar no pensamento de algum deles o gosto de fazer restaurar o engenho, não fazendo a escravidão do boi, mas com recursos modernos.
                   
FESTA DE JANEIRO

Festas. Não Festa religiosa somente. A festa do Padroeiro. Ela atrai a sua Paróquia multidão de forasteiros de muitos lugares.
Há devotos, romeiros, gente de boas intenções, mas também a malta de vagabundos, exploradores da ignorância de pobres criaturas que incautas caem na malha.
No Templo poucos; nas armadilhas da infelicidade muitos. Assim, quase todo o Janeiro da minha terra. Eu a conheço; sempre a vi, nos primeiros tempos melhor neste sentido, agora descamba para a derrocada, a caverna da miséria, que os tempos atuais proporcionam a título de civilização.


O CARRO DE BOI

Conservar lembrança.
Nem para todo mundo. Nem de tudo.
Mas, não me canso de pensar nas cousas do passado; do passado da minha infância; gravadas que foram parece que para sempre.
O canto dolente daquele maio de transporte que se chamava carro de boi, brando, afinado deixou-se gravar em mim como a se reproduzir por um disco de radiola; coisa ainda de tantos anos depois.
Era o carro onde humildes animais sofrendo concorriam para a vida do homem.
Varava os caminhos do sertão, levavam os materiais para as construções nas cidades, levavam ao comércio os produtos da lavoura.
Era o carro de bois...


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