ENGENHOS
Coisa da minha
infância.
Escravidão de
humildes bois, mas riquezas de um povo, alegrias de tantas criaturas.
Eram os engenhos.
Engenho produtores de animação, festa de todos.
Mas, se foram os
engenhos com o tempo. Nenhum mais na cidade.
E os baixios de
cana? Nada mais que transformados em capinais, em forragem para criação.
A causa? Quem sabe?
Impostos, imposições fizeram gerar o desânimo e a morte desta coisinha tão da grandeza
da cidade enterrou-os. Desterrou-os; estão muito ao longe.
Mas, eu apelo para
o futuro, os homens não se acabaram todos, e um dia haverá de calhar no
pensamento de algum deles o gosto de fazer restaurar o engenho, não fazendo a
escravidão do boi, mas com recursos modernos.
FESTA DE JANEIRO
Festas. Não Festa religiosa somente. A
festa do Padroeiro. Ela atrai a sua Paróquia multidão de forasteiros de muitos
lugares.
Há devotos,
romeiros, gente de boas intenções, mas também a malta de vagabundos,
exploradores da ignorância de pobres criaturas que incautas caem na malha.
No Templo poucos;
nas armadilhas da infelicidade muitos. Assim, quase todo o Janeiro da minha
terra. Eu a conheço; sempre a vi, nos primeiros tempos melhor neste sentido,
agora descamba para a derrocada, a caverna da miséria, que os tempos atuais proporcionam
a título de civilização.
O CARRO DE BOI
Conservar
lembrança.
Nem para todo
mundo. Nem de tudo.
Mas, não me canso
de pensar nas cousas do passado; do passado da minha infância; gravadas que
foram parece que para sempre.
O canto dolente
daquele maio de transporte que se chamava carro de boi, brando, afinado
deixou-se gravar em mim como a se reproduzir por um disco de radiola; coisa
ainda de tantos anos depois.
Era o carro onde
humildes animais sofrendo concorriam para a vida do homem.
Varava os caminhos
do sertão, levavam os materiais para as construções nas cidades, levavam ao
comércio os produtos da lavoura.
Era o carro de
bois...
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