terça-feira, 12 de agosto de 2014

O J A R D I M D A D Ê L Í A
Maria Lucinda era seu nome. Irmã de meu pai e casada com Chico Casimiro. Mulata, alta e muito educada. Não tinha filhos, muito religiosa, - católica – cumpridora de suas obrigações. Era grande uma amazona, cavalgava muito bem, tinha até um cavalo somente seu. Mas, sempre em sela ginete; era deselegante uma dama montar-se escanchadas naquela época.
Ela e o marido formavam um casal considerado rico; e era. Se considerando o padrão de vida daquela gente. Pois eles tinham muitas terras, gados e empregados. Também eles criavam um casal de afilhados. (Artur e Raimunda).
“Dêlia”, era assim que nós a chamava. Por não ter filhos para cuidar, ela enchia seus dias trabalhando em costuras, criando galinhas caipiras e cuidando de seu jardim. O jardim ficava atrás do seu casarão, do lado poente e protegido por uma pequena cerca que, evitava as galinhas e perus. Para penetrá-lo havia uma pequena cancela
Quando eu ia à sua casa, - criança – ela me convidava ir ao seu jardim. Antes de regar as plantas, ela conversava com todas elas. E me ensinava o nome de todas as flores: bugaris, crótes, línguas de leão, canutil, dálias de várias cores, rosa-França de um perfume sem igual, rosa-branca, a rosa menina sua preferida; tinha a papoula, tão inocente para nós, não conhecíamos ainda o ópio, tão nocivo e que é extraído dessa planta. Tinha o bom-dia e o boa-noite, diferenciados apenas pela as cores de suas flores, tinha as trepadeiras, os chuvisquinhos de ouro, bredos, mini-bambus, boninas e tantas outras.
Depois ela colhia algumas flores ou rosas e me dava para levar para minha mãe e para minha irmã.
Obrigado Dêlia; você estava me ensinando que, o gesto de dar flores à uma mulher, além de cavalheirismo é carinhoso e também um dos presente que elas mais gostam de recebê-lo.

Do livro: “Histórias nos Morrinhos”
De Amadeu Lucinda.

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