U E R J – S E M M U R O S
A UERJ elabora todos os anos
antes de encerrar o ano letivo, vários eventos. Todos os departamentos da
faculdade fazem sua festinha particular. Porém, é feito um evento que abrange
todos os setores da universidade e também aberto ao público, á essa grande
comemoração é dado o nome de: “UERJ SEM MUROS”.
Nossa turma foi
convidada á cada um escrever sobre um filme que tivesse assistido na infância e
que tivesse gostado e por que, também dissesse qual papel gostaria de ter feito
naquele filme se lhe tivessem dado a oportunidade.
Eu disse que,
assistira muitos filmes na infância e gostado de vários. Todavia o papel que
gostaria de tê-lo feito em todos, eu o fiz: espectador. Mas, como fui
provocado, resolvi contar a história de um filme que havia assistido. E, isso
eu gosto de fazer, contar histórias.
“O Samba em Brasília,”
era o nome do filme e a história era: “Favela Amarela.”
Nos últimos anos da
década se cinqüenta passada respirava-se Bossa-Nova. Bossa-Nova era tudo que
fosse fora do convencional. O movimento teve como ponto inicial a música, foi
nesse seguimento que, a Bossa-Nova se firmou, primeiro ela conquistou o Rio de
Janeiro onde ela nasceu, e em pouco tempo emplacou em todo o Brasil e no Mundo.
Tudo que ousar se fugir dos padrões éticos pré-constituidos
até então, era Bossa-Nova: carros, roupas, costumes, jeitos: de ser, de falar,
de andar, enfim, até presidente Bossa-Nova, tivemos. Era o Juscelino, ele
andava de mangas de camisa, tomava cafezinho no bar da esquina, tomava aulas de
violão com Dilhermano Reis, fazia serenatas. Era Presidente Bossa-Nova.
Em 1960 foi mudada a
Capital federal do Rio de Janeiro, para Brasília. E em conseqüência viriam
convidados ilustres de todas as partes do Mundo para o tal acontecimento. A
sala de visitas do Brasil ainda era o Rio de Janeiro. (aliás, ainda é) Todos
queriam está presente na inauguração da Nova-Capi, era assim que era conhecida
Brasília naquela época.
Naquela ocasião a
empresa cinematográfica Atlântida estava em seu ápice, tudo para ela era motivo
para mais uma chanchada. E dessa vez o filme foi “O Samba em Brasília. Esse
filme não tinha nem um enredo específico, como todos os filmes da Atlântida,
era uma espécie de samba do criôlo doido.
Entendiam que, mudando
a capital federal para Brasília, com isso também mudariam os costumes. Como o
samba é ritmo inteiramente carioca e também na época a presidência da Republica
e assim sendo se a presidência ia para lá o samba teria que ter o mesmo
destino.
Chegaram mesmo até a
levar algumas escolas de samba do Rio, para sambarem na Nova-Capi e que elas
tinham a missão de ensinar aos candangos a sambar. Quando começaram os ensaios
naquelas ruas empoeirados do planalto, ao ouvirem os rufares dos tambores foi
uma correria de tatus, tamanduás e outros bichos que com certeza não mais
existirão em Brasília, deram lugar á outros que naquela ocasião não habitavam
aquelas paragens.
Como eu disse que
essas autoridades chegariam pelo Rio de Janeiro, que era e ainda é a cidade
mais bonita do Brasil e quem sabe, do Mundo. No entanto havia uma coisa que
depunha contra o Rio, eram as favelas, elas estavam em toda parte da cidade,
com seus barracos sem rebocos e mesmo os que eram rebocados estavam sem
pinturas desde que foram feitos, não dava, isso sem contar com os pobres
barracões de zinco que eram maioria, era a miséria personalizada.
Foi quando um político
teve uma ideia genial. Ideias geniais em
alguns políticos não é coisa de agora. Naquele tempo já havia essas mentes
brilhantes. A ideia mirabolante: pintar todas as favelas, somente por
fora, é claro. Vai ficar uma lindeza. Seria como varrer a sala e jogar o lixo
para baixo do tapete. É! Mas para ele estava bom. E cor por ele escolhida foi a
amarela.
Um compositor e este
sim um gênio, compôs um samba para aquele filme e chamava-se: “Favela Amarela”
e como eu tinha que escolher um personagem daquele filme para representar, eu
escolheria ser o intérprete daquela música. Isso pela filosofia que havia nele.
Sua letra era assim:
“Favela amarela; ironia da vida. Pintem a favela; façam aquarela da miséria
colorida.
Vamos ter. No
melhoramento. A dor como tema, de ornamento. Procure compreender seu doutor. A
felicidade não tem cor. Não tem não senhor. Favela amarela...
Do livro: “Fragmentos
de Uma Oficina Acadêmica”
De Amadeu Lucinda.
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