E ASSIM DEUS FEZ A MULHER
Amadeu Lucinda
No princípio, Deus criou o mundo. O céu, o mar, a terra e, tudo que
nela existe. Por fim criou o homem. E para que esse não ficasse só; quis
Deus dar-lhe uma companhia. Mas, como havia empregado todo o material
que possuía. O Onipotente entristeceu e deixou-se cair em profunda
meditação. E ao despertar, tirou do mundo o necessário e, FEZ A MULHER.
Tirou da Lua o seu langor; do Mar a profundidade; das Ondas,
o fluxo e refluxo; (o movimento) das Estrelas, a luminosidade; dos
raios do Sol, o calor; do Orvalho, as lágrimas; do Vento, volubilidade;
das Folhagens, o movimento; das Rosas o perfume; do farfalhar das
Árvores, o lamento; da Brisa, a meiguice; do Vinho, o sabor; do Mel, o
gosto; do Diamante, o brilho; da Serpente, a sabedoria; do Camaleão, a
mutabilidade; do Escorpião, o ferrote; do Pavão, a vaidade; do Leão, a
ferocidade; da Raposa, a astúcia; dos olhos da Gazela, a timidez; do
Coelho, o espanto; do Papagaio, a palrice; e do Tempo a inconstância.
Deus juntou esses elementos e deles, Fez a Mulher...
E entregou ao homem. Passado uma semana, o homem procurou o Criador e,
disse-lhe: meu Deus! A mulher que me destes, envenenou minha vida,
roubou meu sossego, fala sem cessar, chora sem motivos, seus pedidos não
tem fim. Livre-me dela; eu te suplico! E Deus ficou com a mulher.
Passado quinze dias; o homem volta ao Criador e, dizendo: Meu Deus! Meu
Deus! A solidão é uma desgraça; é desagradável. A vida sem a mulher é
vazia e triste. Ela me dava coragem para enfrentá-la. Devolva-me. Eu te
rogo!...
E, Deus devolveu-lhe a mulher. Corrido seis dias, o homem
volta novamente ao Criador; chorando e suplicando. Meu Deus, a mulher
não entende meus sentimentos; não me dá sossego!!! Deus irritou-se e
disse: estou farto de tuas queixas. Leva a mulher contigo e não me volte
mais!
Não posso viver com ela, disse o homem.
Não podes viver sem ela, disse o Criador.
E o homem levou a mulher, resmungando e repetindo entre soluços e
suspiros: que infeliz que eu sou! Não posso viver com ele e não posso
viver sem ela1
Do livro: “Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica” de Amadeu Lucinda.
— com Carlos David Lopes Morais.
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