sábado, 12 de julho de 2014

C O M E R   C O M   A S   M Ã O S
Um dia nos foi pedido que, relatássemos o que nós comemos com as mãos. Aí me lembrei que: comer com as mãos seria voltarmos ás origens.
O homem primitivo, ou o homem pré-história não conhecia instrumentos nem um, para levar a comida á boca.
Todos os hábitos, todos os costumes, não apareceram por acaso, não apareceram por aparecer. Foram exigências em conseqüência de necessidades que as obrigaram aparecerem.
O primeiro motivo que fez o homem idealizar instrumentos para comer com eles foi a descoberta do fogo para o preparo de seus alimentos. Esses ficavam muito saborosos, porém, vinham muito quentes, não dava para pegá-los com as mãos. Então eles idealizaram: espetos, ganchos e outros utensílios de madeira, para com eles levar os alimentos á boca.
E é por isso que, de vez em quando voltamos ás origens e pegamos os alimentos com as mãos. E posso garantir sem medo de errar que, é muito gostoso.
Aliás; de vez enquanto fuja da civilidade e faça algumas coisas de maneira primitiva, de maneira selvagem, e depois veja com é maravilhoso. – Eu mesmo tive uma dessas experiências. Certa vez, fui visitar minha terra natal, meus familiares e meus verdadeiros amigos, aqueles que gostam de você pelo que você é. Eu estava naquele lugar do riacho de águas cristalinas que falei outro dia para vocês. Uma tarde encontrei com velhos amigos de infância e que me convidaram para um banho naquele riacho de águas brilhante, como nos velhos tempos e para ser mais preciso: na cachoeirinha.  Antes, entramos em uma bodega, a maioria tomou uma pinga e nos dirigimos ás águas da cachoeirinha. Todos tiraram suas roupas e entraram n’água; eu também entrei, só que, eu estava de sunga, costume adquirido na cidade grande. Todos eles me olharam, e com admiração; parecia até que o único pelado ali era eu, e ficando assim  ambas as partes bastante constrangidas. E como eu era minoria, resolvi aderi á moda deles e tomamos banho como nos velhos tempos de crianças.
A forma como, e para que, a natureza cria seus seres, é muito mais forte do que qualquer costume. O nosso folclore tem lendas, são histórias ricas em ensinamento e sabedoria. Há grande universo de personagens que se destacam. Porém, três eram os principais: João Grilo, Bocage e Camões. Eram seres imaginários, inteligentes e de rara sabedoria. – Diz á lenda que: -
Havia um Rei que estava sempre ás turras com o Camões; discutiam por tudo. E sempre Camões levava a melhor. Um dia eles discutiam.  – Dizia o Rei. A maior força de um ser é sua criação, sua educação, a forma como foi criado e a maneira para que fosse educado. Dizia o Camões. Nada disso, mais forte é a natureza, é o instinto, a condição.
Um dia Camões foi convidado á almoçar na casa do Rei. Camões levou no bolso do palito um ratinho. Na hora do almoço, quando os começais estavam todos há mesa; encontrava-se também ali um gatinho branco, e que era criado pelo Rei desde pequeno e era de sua estimação. Quando estavam todos comendo o Camões soltou o ratinho no meio da mesa. O gato pulou em perseguição ao rato, quebrou louças, derramou comidas, foi um Deus nos acuda.
O Rei ficou furioso, praguejou ao Camões que, simplesmente disse: - Quem vale mais, a criação ou a condição?- Seu gato nunca vira um rato antes. Porém, ele nascera para isso.
Muito bem, caro leitor’a. Todos nós somos gatinhos do Rei. Embora tenham nos imposto desde pequenos o hábito de comer com colheres, garfos facas etc. Não nascemos para isso.
E quando você pega com as mãos, uma coxa de frango, um sanduíche, um pastel ou uma costelinha de porco e os levamos com as mãos á boca, é divino. Isso sem contar que é impraticável comer um pão á boca sem o pegar com as mãos. Também as frutas: sem exceção, todas são mais saborosas se pegadas com as mãos.
Do livro: “Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica”
De Amadeu Lucinda

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