A I M Á G E M
A imagem exerce um fascínio muito grande sobre o ser humano. Os
grandes pintores se imortalizaram não apenas pelas obras de artes por
eles criadas, mas sim, pela imagem que essas obras fizeram-se
perpetuarem em nossas retinas.
Quando você olha uma fotografia, você
para e, se transporta para aquele momento e para aquele lugar onde ela
aconteceu; se essa imagem é de um passeio, ou de uma viagem sua, ou de
alguém, você passeia. Você viaja novamente, ou viaja com quem fez aquela
viagem. A imagem tem esse poder de te transportar, não apenas no tempo.
Mas, também para lugares. E mais, a imagem tem poder para alterar todo
nosso organismo e nosso comportamento, até mesmo nossas emoções.
Se
você vê a imagem de uma festa. Você se alegra, se ao contrário, você
ver imagem de uma sena de guerra, não é preciso você dizer nada, é
somente olhar em seu semblante que está retratado a imagem do terror.
Agora mesmo nessa viagem que fiz ao nordeste nesse fim de ano, fizemos
muitas fotografias, quer dizer, muitas imagens. Na casa de parentes
tomamos conhecimento de muitas fotos antigas e de parentes que já
morreram há muito tempo. Meu filho que não os tinha conhecidos, viu,
contemplou-as, comparou-as com parentes etc. etc., Porém eu que os tinha
conhecidos me transportei em pensamento há tempos remotos e há momentos
que vivi com aquelas pessoas.
Entre essas relíquias meu filho
encontrou um velho retrato feito pelos antigos lambes-lambe e que era
de minha irmã junto com uma prima nossa, e que depois de casarem e
deixarem famílias, morreram há muito tempo; o retrato estava bastante
danificado, pela ação do tempo e das traças, porém elas estavam rindo
mostrando que naquele momento estavam muito felizes. O Junior, -meu
filho- fotografou com sua máquina digital o velho retrato e o levou à
um foto moderno da cidade, com ajuda de um amigo, o retocou, ampliou e
mandou fazer dois bonitos quadros e os deu de presente para suas primas e
filhas das mesmas. Elas ficaram muito felizes e disseram: somente você,
Junior podia nos dar essa alegria.
Vendo essa pintura de Portinari,
(futebol) ela me transportou para algum lugar, para algum tempo enque
vivi e que o conheci muito bem. Nos Morrinhos de minha infância. Era um
lugar muito pobre e eu fazia parte daquele universo, as crianças
brincavam com bolas de meia, fui um privilegiado, meu pai me deu uma
bola de borracha, juntei a turma e fomos construir nosso campo, o nosso
Maracanã. Escolhemos o terreno, era um lugar longe das casas, depois de
pronto lá batíamos nossas peladas e que somente encerrávamos com o
chegar da noite, -nosso Maracanã- não tinha iluminação artificial.
Visitando aquele lugar meio século depois, naquele lugar onde
construímos nosso campo e separando o povoado de um cemitério, que hoje
existe, ali está um rudimentar campo de futebol, com pouca diferença
daquele por nós construído.
Porém, com grande semelhança do quadro
de Portinari, então vejamos, tem o cemitério do lado e para não
contrariar vi cachorros que acompanhavam seus donos assistindo as
peladas e também vi alguns jumentos pastando em suas margens.
Do livro: “Fragmentos de uma Oficina Acadêmica” De Amadeu Lucinda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário