Fim de Tradição.
À medida que o progresso avança como um rolo
compressor, erguendo prédios por todos os lados, asfaltando ruas e avenidas,
torna-se cada dia mais difícil manter as tradições de muitas de nossas festas
populares. Como as juninas. A magia dos fogos de artifício, dos coloridos
balões iluminando os céus, as fogueiras, as quadrilhas e as cantigas, vão
fazendo parte do passado. Um passado não muito distante, quando ainda não havia
chegado à febre de morar em apartamentos e as casas possuíam amplos quintais e
jardins propiciando as comemorações juninas, quando não era proibido soltar
balões e os fogos de artifício de tão ingênuos faziam a alegria da criançada,
não representando maiores perigos. Os terreiros transformados em “arraiá”,
enfeitados de bandeirinhas coloridas, serviam de palco para as adivinhações ao
pé da fogueira, a dança da quadrilha e o famoso casamento matuto. Sem falar nas
fartas mesas de comidas típicas regadas a muito aluá. Tinha bolo de milho, de
mandioca; de abobara, de macaxeira batata-doce, grude, bolo de carimã e pé de
moleque. Além das canjicas, do cuscuz, das pamonhas e do mugunzá, tudo feito em
casa com o milho mesmo da safra.
E as cantigas de roda, de São João, enchiam
de encanto e magia as belas noites de junho de outros tempos. Hoje elas foram
trocadas pela chamada “música sertaneja” feita de encomenda para faturar;
completamente destituídas da ingenuidade e pureza que cauteriza o nosso homem
do campo. O povo da roça como se costumava dizer. E as moças de lá, como as de
cá, não mais fazem trancinhas nos cabelos e nem usam recatados vestidos de
chita nas festas juninas. Também não acreditam que os nomes de seus eleitos
poderão ser decifrados sob o clarão das fogueiras. Hoje elas só querem saber de
“rock”, do “as músicas” e forró
moderninho, usar jeans, minissaia e
tênis e “ficar” com algum gato que pinte no pedaço, que não esteja de
camisa xadrez, calça remendada e chapéu de palha. E não tenha a infeliz ideia
de convidá-las para dançar uma quadrilha. Umas danças cafonas e sem graça, dos
tempos da onça, como definem alguns. E como contrastante a nossa tradicional
Quadrilha criaram uma “tal de quadrilha country”, que não tem nada mesmo com as
nossas raízes folclóricas, juninas, coisas dos nossos costumes e tradições dos
nossos, São João na Roça.
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