quinta-feira, 12 de junho de 2014


D I V I S Ã O D E T A R E F A S
São mesmo os maridos, que mais atrapalham a inserção da mulher no mercado de trabalho. Mesmo em tempos de igualdades entre sexos, a divisão de tarefas ainda sobrecarrega as mulheres.
Essa reportagem foi publicada na Folha de São Paulo, 11/07/05. A coordenadora mandou-nos que escrevêssemos sobre. E eu escrevi o seguinte.
“Hoje, já existe homens ajudando as mulheres em suas tarefas domésticas." – De maneira ainda tímida: tiram á mesa, lavam os pratos, arrumam a cama ao levantar-se, dão mamadeira ás crianças. A percentagem ainda é pequena! E mesmo assim, esses poucos, como mencionei, estão ajudando. Não dividindo como seria justo. Ele está ajudando, porém a tarefa é dela. Essa cultura arcaica, aos pouco vai mudando, dando lugar há outra forma de pensar.
A humanidade tem uma dívida muito grande á resgatar com as mulheres. Todos os seres vivos sempre respeitaram suas fêmeas, menos o ser humano. Isso foi em todas as épocas. A mulher sempre foi tratada como escrava do homem; depois lhe deram um nome mais simpático: serva. Qual o papel da serva? Servir. Mudou o nome, porém a função é a mesma.
Aliás, nesse sentido as religiões tiveram e tem até hoje, uma parcela de responsabilidade muito grande. Então vejamos: na santa inquisição, e que de santa não tinha nada além do nome. Na corrida ás bruxas; somente elas iam para a fogueira, - as mulheres, – e os bruxos? Eles não existiam? Quando se fala da sogra, é um demônio. Porém, quando se trata do sogro, um anjo, ele bebe cerveja com o genro, lhe empresta dinheiro. É, ainda falando em religião. Vejam os protestantes: eles não reconhecem valores em mulheres como: Rita de Cássia, Tereza de Calcutá, Dulce da Bahia. E até mesmo em Maria, mãe de Jesus, que foi escolhido por Deus para mãe de seu filho e que somente por isso já prova sua superioridade sobre todas as outras e com a humildade de uma serva, se anulou para que o Mundo reconhecesse seu filho.
Essa cultura está mudando. A primeira coisa que liberta uma pessoa e se faz fazer respeitar, é a questão financeira, pois foi isso que fez a mulher escrava, ela sempre foi dependente do homem.
O século XX foi de grande avanço nesse sentido, na independência da mulher. Ela foi á luta, conquistou o mercado de trabalho. Tornou-se doutora, ingressou nas forças armadas e galgou todos os postos inclusive de oficial. Na política, conquistou todos os degraus, ás câmaras, ás assembléias, o congresso, o senado, elegei-se governadora e quem sabe, em breve a presidência da república. Quero está aqui para aplaudi-la.
Participei de um curso: “Direito á Serviço do Povo” no Centro de Direitos Humano da Diocese de Nova Iguaçu em outubro de 2005. A palestrante do dia era: a Juíza Federal, e professora na UERJ e na PUC-RIO: Dra. Salete Mocolóz. Ela é muito hilariante e competente; a aula dela é um show. Ela disse que, quando no paraíso, um casal vivia por lá na maior tranqüilidade, esse casal cometeu um pequeno deslize, então chegou um oficial de justiça, -O Anjo Gabriel- que deu-lhes a seguinte sentença: ao Adão, você apartir de agora viverás de teu trabalho, teu pão será regado com o suor de teu rosto. Quanto á mulher, - Eva – vai ter a dor do parto, e terá que gemer muito para isso. Muito bem. O homem paresse que não entendeu o recado; pois 78% da força de trabalho hoje é da mulher; e o pior! Perdemos o direito de gemer. Disse ela.
Doutora Salete, apesar de se dizer católica militante, não poupou o desprezo que as religiões sempre tiveram com as mulheres. A começar pela própria Igreja Católica que somente no século IX reconheceu que a mulher tem alma. Até então eram como cabeças de animais de um fazendeiro, eram apenas números. Os muçulmanos, ainda segundo ela, estão amparados pelo Alcorão o direito de terem no mínimo quatro mulheres. Os protestantes embora se digam cristãos, ainda não saíram do Velho Testamento, quando o próprio Cristo que eles tanto falam ainda não havia nascido. Falam de: Davi, Elias, Jeremias, Daniel, Jacó, Abraão, Izak, sempre homens, e todos que viveram muito antes de Cristo. E esquecem de falar da convivência harmoniosa que Jesus teve com: Madalena, Verônica, Maria e Marta irmãs de Lázaro, da Boa Samaritana que Jesus lhe prometeu a água da vida. Porque eles não falam delas? Talvez por serem mulheres.
Em tempo. Nada contra os evangélicos, porém, tudo a favor das mulheres.
PUC – Pontifícia Universidade Católica.
Do livro: “Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica”
De Amadeu Lucinda.

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