segunda-feira, 1 de julho de 2013

Chegada do Trem



 
A Chegada do Trem (02).

As badaladas do sino da Estação Ferroviária ecoavam em toda cidade, anunciando que o Trem havia saído de Pires Ferreira ou Abílio Martins.
Os comerciantes, aqueles compromissados com o trem de passageiros, apressavam-se para receber e entregar correspondências de outras cidades, e ainda mais, adquirir Os Jornais da Capital, – O Povo, Unitário, Correio do Ceará, a revista era O Cruzeiro, tudo isso ansiosamente esperado por todos. Os intelectuais da cidade ficavam ansiosos para receber a revista O Cruzeiro para ler os artigos de David Nasser e Raquel de Queiroz, e mais para verificar e interpretar a “charge” do Amigo da Onça de Péricles – O Pequim.
Enquanto isso, as moiçolas, usavam sombrinhas para protegerem-se do Sol lotavam a pracinha da estação aguardando a chegada do trem de ferro com toda sua majestade e beleza dos carros que compunham o comboio. Era um movimento dos mais pitorescos. Ali elas aguardavam a passagem de amigos, dos namorados. Um vai e vem de veículos fazia parte do cenário. O ônibus e o misto da Empresa Paiva compunha também aquele quadro que ainda hoje parece estarmos vendo e vivendo tão nostálgicos momentos.
A Frota Paiva servia para conduzir passageiros com destino a Serra da Ibiapaba sendo o seu final em São Benedito.
A frondosa “Oiticica”, abrigando os mais idosos contra o sol causticante da tarde era um local agradabilíssimo para todos.
Com um leve apito, “lá vem o trem”, a agitação era total daqueles que esperavam a grande comitiva; mais outro apito e o trem descortina-se na curva de acesso a estação da cidade. O burburinho era intenso: água boa da serra!... Quem vai querer? Olha o pão! O café bom e “Donzelo”... E muitos outros produtos eram vendidos durante as passagens dos trens
Enquanto isso, os encontros furtivos, as conversas dos passageiros, os folguedos de uma juventude sonhadora e cheia de ideais. Como era bom! São dias de um tempo que não apagamos do nosso viver, tempo de um frívolo bem-estar. Estação de ar nostálgico, de arquitetura bela e de imponência rara. Boa parte do comércio era fechado. Todos, a Estação Ferroviária, a nossa antiga R.V.C.
Mais um apito, dessa vez mais saudoso! A grande condução se movimentava toda. As despedidas, um até breve, risos lágrimas, angústia... é o trem que partira deixando a todos uma alegria ou uma saudade imensa.
Quantas saudades ali vividas foram para sempre. Quantos olhares foram se distanciando da serra onde murmura a Bica que em sinfonia faz a festa do nosso cotidiano, poderá ter ficado uma eterna e última saudade.
A cidade volta ao normal. Todos para suas casas. O trem partiu foi embora, e não mais voltou...

Um comentário:

  1. lizar

    Editar
    francisco disse...
    NOSSA, MORO EM SÃO PAUO FAZ MUITOS ANOS, MAIS REVENDO ESTAS FOTOS, ME FAZ LEMBRAR NO MEU TEMPO DE CRIANÇA VIAJANDO COM MEU PAI DE IPUEIRAS AO IPU, ATÉ POR QUESTÃO DE SAÚDE, INFELISMENTE PEGUEI UMA DOENÇA TERRIVEL QUE SE CHAMA FEBRE REUMÁTICA, E NA ÉPOCA ERA O DR. ROCHA AGUIAR QUE COMEÇOU A ME ADIAGNOSTICAR, E FOI ELE QUE DISSE QUE ERA JUSTAMENTE ESTA MALÉFICA DOENÇA, MAIS FALANDO DAS BELEZAS DA CIDADE DE IPU, FIQUEI ENCANTADO DE OLHAR PARA A SERRA E VER AQUELE VÉO DE NOIVA QUE TODOS CONHECEM COMO A BICA DO IPU, PARA MIM ERA FANTASTICO, E O NOSSO GLORIOSO TRANSPORTE QUE NA ÉPOCA ERA MUITO MODERNO POIS EU NUNCA TINHA VISTO, ATÉ POR UMA CERTA RAZÃO, EU MORAVA NA ROÇA NO MUNICIPIO DE IPUEIRAS, EU MESMO DOENTE MAIS ME ENCANTAVA COM AS BELEZAS DA CIDADE A ALEGRIA DE VER O TREM CHEGAR, UMA COISA QUE NINGUEM FALA, MAIS AGORA EU VOU DIZER, JUSTAMENTE A GAROTADA DA MINHA IDADE VENDENDO PÃO E A!GUA E MUITAS OUTRAS COISAS FRUTAS NA ESTAÇÃO NA CHEGADA DO TREM, SE TORNAVA UM GRANDE COMÉRCIO, ERA BONITO FANTÁSTICO, POR ISTO ME COMOVE E NESTE MOMENTO NÃO CONSIGO CONTER MINHAS LAGRIMAS DE MUITA SAUDADE

    ResponderExcluir