sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PARA OS AMANTES DO TANGO . . . .


Trata - se de um tango uruguaio, um dos mais lindos da história, não produzido por um argentino.

É intrigante a história desse tango.

Quando se pensa em tango, fala-se da Argentina! Quando se fala em tango, pensa-se em “La Cumparsita”, que é o mais difundido e conhecido em todo o mundo! Mas, “La Cumparsita” encerra muitos mistérios, pois tudo (origem, título, cantor mais famoso, etc.) que envolve “La Cumparsita” tem algo de misterioso e de incerto. Vamos tentar desvendar alguns deles?

“La Cumparsita” é um tango uruguaio! Foi composto e escrito no Uruguai, pelo compositor uruguaio Gerardo Hernán Matos Rodríguez. Acredita-se que ele tenha começado a compô-la em fins de 1915 e a tenha terminado no começo de 1916, pois foi estreada em 1916 no café “La Giralda”, de Montevidéu (Uruguai). Em suma, “La Cumparsita” é um “tango” (de verdade) e é “uruguaio”.

A composição foi feita especialmente para uma “comparsa” de carnaval formada pela Federación de los Estudiantes del Uruguay. “Comparsa” era uma espécie de “bloco carnavalesco”, formado por um grupo de pessoas que usavam roupas iguais (geralmente usando máscaras), e que desfilavam pelas ruas, dançando e cantando.

A Federación de los Estudiantes del Uruguay formou um bloco carnavalesco e precisava duma música. Veja abaixo, uma impressão da partitura, com indicação da autoria atribuída ao uruguaio Matos Rodríguez, e com a dedicatória do autor aos vários "estudiantes" que formava a "comparsa" (ou "cumparsa", como Rodríguez escreveu), bem como a capa caricaturizando uma "cumparsa" ("comparsa") da Federación de los Estudiantes del Uruguay:

O estranho — e aqui o segundo “mistério” — é que a palavra “cumparsita” (com “u”) não existe no idioma espanhol, nem mesmo como “regionalismo” do Uruguai ou da Argentina. Se existisse, seria um diminutivo de “cumparsa”. Não se sabe por que o autor batizou a música de “La Cumparsita”. Talvez por uma brincadeira com a Federación de los Estudiantes del Uruguay, para quem ela foi composta para uso numa “comparsa” (“bloco carnavalesco”), alterando “comparsa” para “cumparsa”.

Como a música foi feita para uma “comparsa” e considerando que na capa da primeira edição há a ilustração duma espécie de bloco carnavalesco, é de se acreditar que, pensando em “La Comparsa”, ele a tenha jocosamente batizado de “La Cumparsita” (“O Pequeno Bloco Carnavalesco”), da mesma forma que como nós poderíamos dizer, chistosamente, “dixfile carnavalesco” ou “isto está uma dilixa!”. É interessante que a letra de Matos Rodríguez começa com “cumparsa” (e não com “comparsa”). Bem, pode até ser que o jovem compositor (de uns 18 anos) não soubesse soletrar a palavra, e a forma errada da grafia usada acabou “pegando” de tal modo que uma alteração posterior retiraria a identidade da música (Lembra do “Engole ele, paletó”?).

Mais tarde, letristas argentinos criaram uma outra letra para a música, que chegou a ser chamada de “Si Supieras” (“Se Soubesses”), mas, ante a fama que já existia, o título voltou a ser, na Argentina, “La Cumparsita”. Todavia, a palavra “comparsa” não aparece na letra argentina e o tema nada tem a ver com uma “Cumparsita”. Mas, é esta letra que é usada na versão argentina.

“La Cumparsita”, galgou fama mundial (com a letra argentina, que nada tem a ver com uma “comparsa”, repita-se), uns 20 anos depois, na voz de outro uruguaio, da cidade de Tacuarembó (mas, alguns dizem que era francês, da cidade de Toulouse) — Carlos Gardel, que acabou se naturalizando argentino, e que simplesmente “adorava” a cidade de Buenos Aires.

A nacionalidade real de Carlos Gardel é o terceiro “mistério” — ninguém sabe, não há documentos, por mais incrível que possa parecer. Seu nome original era Charles Gardes ou Gardés (até nisso há incerteza), mas não era bom nome artístico, de modo que o “s” for trocado por um “l”, pois ficava mais apelativo e mais demorado na língua espanhola (algo como “Carlos Gardêlllllllllllllllll” — Não diga “Gardél”, mas sempre “Gardêl”, pois o “e” não tem som aberto em espanhol).


Através de decreto legislativo, “La Cumparsita” foi declarado “Himno Cultural y Popular de la República Oriental del Uruguay” em 02/01/1998. Por isso, quando os atletas da Argentina entraram no estádio de Sidnei, nas Olimpíadas de 2000, ao som de “La Cumparsita”, houve um protesto formal do Governo Uruguaio.

É uma das músicas em que se praticou o maior índice de licenciosidade quanto à velocidade. “La Cumparsita” é executada desde um ritmo extremamente lento até uma cadência alucinantemente veloz.

Abaixo, seguem a letra original do compositor uruguaio Gerardo Hernán Matos Rodríguez (veja como ela se refere a uma “comparsa”) e a letra feita na Argentina (note que nada tem a ver com o título), e que era cantada por Carlos Gardel.


Anexo, uma bela representação uruguaia do tango ( video) e, no final, a declamação dos primeiros versos da canção original.


LETRA ORIGINAL



LA CUMPARSITA



La cumparsa de miserias sin fin desfila,

en torno de aquel ser enfermo,

que pronto ha de morir de pena.

Por eso es que en su lecho

solloza acongojado, recordando el pasado

que lo hace padecer..



Abandonó a su viejita.

Que quedó desamparada.

Y loco de pasión, ciego de amor,

corrió tras de su amada,

que era linda, era hechicera,

de lujuria era una flor,

que burló su querer

hasta que se cansó

y por otro lo dejó..



Largo tiempo después,

cayó al hogar materno.

Para poder curar su enfermo

y herido corazón.

Y supo que su viejita santa,

la que él había dejado,

el invierno pasado

de frío se murió.



Hoy ya solo abandonado,

a lo triste de su suerte,

ansioso espera la muerte,

que bien pronto ha de llegar.

Y entre la triste frialdad

que lenta invade el corazón

sintió la cruda sensación de su maldad.



Entre sombras se le oye respirar sufriente,

al que antes de morir sonríe,

porque una dulce paz le llega.

Sintió que desde el cielo la madrecita buena

mitigando sus penas sus culpas perdonó..



LETRA ARGENTINA



SI SUPIERAS



Si supieras que aún dentro de mi alma

Conservo aquel cariño que tuve para ti

Quien sabe si supieras

Que nunca te he olvidado

Volviendo a tu pasado

Te acordarás de mí.



Los amigos ya no vienen

Ni siquiera a visitarme

Nadie quiere consolarme

En mi aflicción.

Desde el da que te fuiste

Siento angustias en mi pecho,

Decí percanta: ¿Qué has hecho

De mi pobre corazón?

Al cuartito abandonado.



Ya ni el sol de la mañana

Asoma por la ventana,

Como cuando estabas vos

Y aquel perrito compaero.

Que por tu ausencia no comía

Al verme solo, el otro día

También me dejó.



Si supieras... ... ... ...














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