segunda-feira, 26 de julho de 2010

Improvisos

IPUTINHA - Um Relógio na Igreja

IMPROVISOS


Dizer tudo sobre Ipu seria impossível, contudo nestes improvisos estão contidas partes de nossa história, contada de uma maneira bem diferente, das costumeiras citações de fatos e outros mais.
O que foi o que era, com certeza marcou indelevelmente os fatos históricos oriundos do dia a dia de uma cidade que continua crescendo no seu âmbito geral, marcando de forma coruscante aos feitos dos seus filhos daqueles que ilustram a nossa página memorial de uma grandeza espiritual, moral e política a toda prova.
É característica do ipuense ser saudosista, gostar de relembrar as coisas de sua terra, portanto não estranhem aqui este espírito do autor puramente melancólico, mas sempre voltado para os fatos que marcaram a nossa história.


Era o Ipu, de D. Maria Assis – da Escola São Gerardo que funcionava sob sua direção; da Escola Milton Carvalho dirigida por D. Anisia Aragão, do externato São Luiz, do ilustre professor Luiz Jácome Filho, do Colégio Sete de Setembro, da Casa D’Aula, tudo isso deixou grandes lembranças.

Era o Ipu, do Bar HI-FI, do nosso amigo “Reizinho”, um ponto de encontro muito chic nos anos 60.Presença ali da juventude daquela época, ouvindo o som de Poli e seu Conjunto, do Trio Irakitan, Nat King Cole e outros tantos, acompanhado do bom papo do seu proprietário.

Era o Ipu, da Novena da Graça, na Capela de Nossa Senhora das Graças, no Patronato Sousa Carvalho realizada aos sábados.
Era o Ipu da Casa: A LOURENÇO MARTINS, “ALOMAR”, de Antonio Carvalho Martins, pioneiro na venda de eletrodomésticos e especialmente das famosas Máquinas Vigorelli.

Era o Ipu, do Bar Alvorada de Gessy Torquato.Teuzio Lima era o Gerente, ali a concentração completa da turma dos anos 60.Não faltavam: Tarcisio Bentivi, Dião Tavares, Belford, Roque, Erivaldo, Tadeu Quixadá, Evander Lopes, Egberto Lopes, O Opinião, Irã, Helder, José César Tavares, Atico, Francisco Aragão, Hermeto, Luciano Paiva, Antonio Tavares Boris, Domingos Sá, Irapuan Feitosa, Marcos Lima, Moacir Bispo, todos assinantes do famoso e inesquecível livro “CAPA PRETA” que registrava o penhor dos seus mais assíduos freqüentadores.

Era o Ipu, da Maria Fumaça. O Velho Trem do Caranguejo, comboio vindo de Camocim às quintas-feiras.O velho Trem trazia em sua carruagem além de passageiros o bom Peixe da Praia, o Murici e o Caranguejo propriamente dito.

Era o Ipu, das manhãs de domingo, quando após a missa das nove horas, os jovens se reuniam nas Pracinhas da cidade, para ouvir às músicas tocadas nas amplificadoras locais. Músicas bem ao estilo romântico da época.

Era o Ipu, da primeira siderúrgica de Mirandolino Farias, vindo depois outros proprietários como José Leopoldo, Raimundo de Castro e por último Valdemar Ferreira de Carvalho, empreendedores que merecem à nossa admiração e reconhecimento.

Era o Ipu da Hora da Saudade, na Amplificadora São Sebastião, com Valderez Soares, Janjão Campos, Maúde, Raimundo Augusto e Antonio Gomes, para deleite dos ouvintes que ficavam no patamar de Igreja Matriz, escutando os acordes da instrumentação em alado aos reflexos da luz pálida da Lua.

Era o Ipu, do Relógio da Igreja Matriz, que nas caladas da noite marcava compassadamente às horas. Sumiu! O pobre relógio que de acordo com a história era do tempo do lero-lero fez história e os seus responsáveis não respeitaram o seu valor cultural e histórico.

Era o Ipu do BANCO DOS VELHOS, o ferro e a madeira mudo e indiferente a tudo, inerte indiscreto a todos ouvia silenciosamente. Era o palco onde era recebida a peça “Vocês Sabiam? e estão dizendo por aí”. O elenco formado por Xavier Timbó, Parnaibano, José Bessa Belém, Vicente Belém Rocha, Antonio Carvalho Martins, Antonio José de Vasconcelos, José Dias Martins, Joaquim Dias Martins e outros.
O cenário se apresentava quase sempre colorido pelo mesclado variado da vida e o comportamento da juventude; e esta por sua vez alcunhou o pobre banco que ficava no Jardim de Iracema que somente ouvia de: “O Banco dos Velhos”.
A marcha do progresso acabou destruiu o célebre BANCO tão querido e apreciado. O que não só se viu e muito mais ouviu ficou soterrado no esquecimento. Arrancaram-no e com ele os seus companheiros, o gradil do Jardim foi desfeito e as rosas bonitas e perfumadas nada mais restou.E hoje revivendo o passado, te perguntamos, onde te levou o progresso? E os que te acolheram para os seus encontros? “Banco dos Velhos”, na recordação dos que te queriam bem continuas vivo, intacto e intocável, na saudade que ainda guardam em te os que te apreciavam, na recordação indelével e a tristeza porque já não mais existe.

Era o Ipu, da “PIRATININGA”, beneficiadora de algodão, de propriedade de Abdoral Timbó. Foi uma usina que fez crescer o comércio local e de toda região. Um beneficio incalculável para nossa cidade, não deixando faltar nestes escritos a figura marcante do Sr. Afonso Chagas, homem íntegro que trabalhou a vida inteira junto a Piratininga de Abdoral Timbó.

Recordação da Mina Velha do Cel. Marinho, situada às margens da estrada de acesso a Serra da Ibiapaba, casarão secular dos senhores coronéis, do Marinho que estava sempre procurando “y” (ipicilone) da velha máquina de escrever, marca “Remigton”.
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Saudades, mil saudades do famoso conjunto “OS COMETAS” de Walter Bezerra, o conjunto que marcou época em nossa cidade, embalou muitos sonhos aos acordes maravilhosos cheios de harmonia se completava com a voz do inesquecível Carlos Soares, e com as modulações chorosas da Guitarra de Frasquinho Jorge, - O ESCOTEIRINHO. Da Sanfona do Gonçalo do Dão, do Píton do Chico Hermeto, do Peba na Bateria, do Tomás Soares no Contra-baixo, do Gilberto Otaviano no Ritmo, e tudo se foi, ficando apenas a história.

Era o Ipu, da Palmeira da Chuva no vasto quintal de Cecília Pombo. Bem interessante vertia uma certa quantidade de liquido anunciando que teríamos um bom inverno, e quando assim não acontecia o ano era de seca, portanto um ano de estiagem que costumeiramente temos em nossa Região.

Era o Ipu, do Reisado de João Paiva Dias “DÃO”, a dança folclórica levada a efeito no dia de Santos Reis.

Era o Ipu, do Bar Central, localizado no Quadro da Igrejinha, com o tradicional bilhar jogo muito em gosto nos anos 40.

Era o Ipu, da Missa do Galo nas Noites de Natal, quando a população se reunia em torno do mercado para saborear o gostoso peru natalino e em seguida ir assistir à Missa da meia noite ou MISSA DO GALO que não tem mais.

Era o Ipu, dos tradicionais Bailes no Grêmio Ipuense, o principal era do dia 20 de Janeiro para culminar com as novenas do Padroeiro. E o mais importante se realizava no dia 21. A sociedade se revestia de gala para o famoso “Baile de Partido”, somente freqüentavam este Baile os sócios e convidados especiais. Hoje mudou tudo, nem Grêmio temos mais.

Era o Ipu, das Broas de D. Pitilia, que às tardinhas montava o seu tabuleiro ao lado da Avenida de Iracema, deliciando a garotada com seus apetitosos Esquecidos, Palmas, Roscas, Pão-de-ló. Era o Ipu dos anos 50.

Era o Ipu do Coro Santa Cecília, na regência de Thomaz de Aquino Corrêa, depois Joaquim Lima. As cantoras da época eram: Joaquina Lima, Cecília Pombo, Heraclides Coelho, Terezinha Aires, Maria do Carmo Soares, Cesarina Cavalcante, Beatriz Gomes e outras.
Era uma harmonia perfeita, as vozes entoavam hinos e elevavam aos céus a música, em forma de oração. Era o Domine, O Paster Noster, a Missa do Maestro Ciarlindo com o Laudamus cantado por Joaquim Lima.
As Novenas de São Sebastião se realizavam em clima de muita fé, e a missa do dia 20 de janeiro, culminava os festejos numa orquestração das mais belas e perfeitas.
Um hino de amor, o “Coro Santa Cecília”, fazendo a festa do Glorioso São Sebastião.

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