quarta-feira, 28 de julho de 2010

Discurso de Abdoral Timbó -Na Inauguração da Praça Thomaz de Aquino Corrêa

Abdoral Timbó.


Transcrevemos, na íntegra, o discurso pronunciado pelo DEPUTADO ABDORAL TIMBO’ no momento da inauguração do “Jardim Thomaz Corrêa”.
Meus Senhores.
Houve por bem, a Prefeitura Municipal do Ipu, prestar justa homenagem a um dos vultos mais eminentes Na vida político-social da nossa terra, Thomaz de Aquino Corrêa e Sá, erigindo-lhe na praça onde residiu por longos anos, um monumento, ao centro de uma avenida que evocará sua memória entre nós nos dias porvindouros.
Falo, neste instante, por delegação do gestor dos negócios municipais, á esperança e radiante mocidade conterrânea, a esses jovens que serão os guaradas das tradições históricas da terra que lhe serviu de berço, da terra enriquecida pelos feitos dos seus antepassados, grandes que eles foram ao conceito dos seus contemporâneos.
Para a geração que viveu sob o influxo da bondade, da grandeza, da magnanimidade de coração de Thomaz Corrêa, a geração a que pertenço para essa nada terei que dizer por que Thomaz Corrêa é redivivo na memória dos que privaram da sua honrosa amizade, da sua confiança, do seu posso dizer, paternal carinho.
“A gente só morre depois que desaparece da memória dos vivos”, eis um conceito que subscrevo integralmente em relação a Thomaz Corrêa.
Naquêles recuados tempos da plenitude da vida de Thomaz Corrêa seu nome era pronunciado com desvelado carinho e enternecedora gratidão por quantos, nesta região, recorriam aos seus notáveis conhecimentos, para a salvação de um filho, de uma esposa, de um pai, recebendo, sempre, a assistência amiga e dedicada de Thomaz Corrêa.
A farmácia ficava-lhe ao lado da residência. A pecúnia jamais entrou nas cogitações daquele nobre espírito. Jamais quem quer fosse, pobre ou rico, deixou de obter o remédio Salvador porque lhe faltasse no momento os recursos necessários para o adquirir.
Nunca Thomaz Corrêa lembrava ao cliente sua conta anterior, nunca restringiu crédito, nunca procurou sofisticar o tratamento com medicação barata por que o cliente fosse pobre ou estivesse em atrazo na sua farmácia.
Não tinha por outro lado, a humana vaidade de se considerar único de se julgar infalível no exército da nobre e humanitária profissão que abraçara. Era do seu feito ser bom, praticar o bem.
Moldava-se nos versos magistrais do poeta:
“Que eu faça o bem, de tal modo o faça
Que ninguém saiba o quanto me custou. Mãe, concede-me por Deus mais esta graça De eu ser bom Sem parecer que o sou”
Nos casos que julgava mais graves e dedicados, aconselhava a presença do Dr. Frota, grande facultativo sobralense que as mais das vezes subscrevia a medicação prescrita.
E Thomaz Corrêa ia, aos poucos, crescendo no coração dos habitantes desta região grangeando um conceito tão elevado que ainda hoje perdura na memória de todos.
De santa Quitéria, Crateús, Ipueiras, Guaraciaba, São Benedito, dos mais distantes recantos região provinham, constantemente, consulentes em busca de lenitivos para as mais variadas moléstias.
E o nosso conterrâneo os atendia com rara felicidade.
Estudioso, tinha no seu gabinete, alentada biblioteca.
Era ali que cultivava diariamente sue privilegiado espírito.
Metódo, de uma metodicidade que irritava seus mais íntimos amigos pela inauterabilidade dos hábitos, Thomaz Corrêa jamais deixou de emprestar seu valioso concurso para tudo aquilo que se ligasse ao progresso de Ipu.
Frequentador assíduo de diversões teatrais, festas, reuniões sociais Thomaz Corrêa construía dêssse modo o pedestal da admiração que edificou nos corações de todos nós.
Sua casa era o centro literário da terra quando aqui pontificavam Abílio Martins, Eusébio de Sousa, Leonard Martin e tantos outros cifados pela morte que a memória já não me ajuda recordar.
Era uma plêiade de intelectuais que elevava o nível mental da nossa terra colocando-a em posição destacada nos meios literários do Estado.
Dessa forja saíram “ Gazeta do Sertão” e “ Correio do Norte” semanários que marcaram época nos atuais da imprensa cearense. Tudo isso se foi, tudo isso desapareceu.
Falta o crebro, falta o guia, falta o Abílio Martins visionários da grandeza da gleba querida.
Enquanto Ipu reverenciar esses nomes, enquanro IPU trouxer para a praça pública perpetuando-a para as gerações porvindouras, a memória dos seus filhos, êsses não terão morrido porque a “gente só morre depois que desaparece da memória dos vivos”
Ai está, ipuenses, redivivo nêste busto e nesta avenida, o retrata, a mão aflita, o filho em lágrimas que vêem a sua procura em busca e lenitivo para as dores físicas da pessoa amada.
Thomaz Corrêa, “Seu” Thomaz de todos nós, espira de coração pleno essa aura e gratidão dos teus conterrâneos, dos teus amigos, da grande, nobre e generosa família Ipuense.


Ipu em Jornal - 1962

Nenhum comentário:

Postar um comentário